Autoridades do MPSP defendem criação de agência nacional anti-máfia para enfrentar avanço do crime organizado
- Luana Valente

- 25 de out.
- 2 min de leitura

MPSP
Em resposta ao crescente poder de infiltração do crime organizado no Estado de São Paulo e à ameaça direta a autoridades públicas, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) e o promotor Lincoln Gakiya, alvo de plano de assassinato frustrado pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), defenderam publicamente a criação de uma agência nacional anti-máfia. A proposta foi apresentada em coletiva de imprensa realizada na sexta-feira, 24, como uma medida urgente para conter o que classificaram como um “patamar insustentável” de atuação da criminalidade organizada.
Proposta de estrutura nacional integrada
O Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, e o promotor Lincoln Gakiya propuseram que a agência seja responsável por coordenar esforços entre as polícias, o Ministério Público, a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A ideia é criar uma estrutura permanente e especializada, com foco em inteligência, repressão financeira e proteção institucional.
Segundo Gakiya, o PCC já ultrapassou os limites de uma organização criminosa comum, operando como uma verdadeira máfia brasileira. “Eles usam estratégias de controle territorial, intimidação de autoridades e tentam se infiltrar em negócios lícitos e no poder político”, afirmou o promotor, que é considerado um dos principais algozes da facção.
Operação Recon e ameaça à vida de autoridades
A urgência da proposta foi reforçada pela recente Operação Recon, que desmantelou um plano do PCC para assassinar Gakiya e outras autoridades. A operação revelou tentativas da facção de monitorar e atacar membros do sistema de justiça, evidenciando o grau de ousadia e organização da quadrilha.
Endurecimento da legislação e proteção institucional
Além da criação da agência, os representantes do MPSP também defenderam o endurecimento da legislação penal contra o crime organizado. Entre as medidas sugeridas estão a aceleração do processo de expropriação de bens de criminosos e o fortalecimento dos mecanismos de proteção a testemunhas, policiais e promotores.
A proposta conta com apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que já estuda modelos internacionais de combate à máfia, como os adotados na Itália e nos Estados Unidos.
Um novo paradigma no enfrentamento ao crime
A iniciativa marca uma mudança de paradigma na forma como o Estado brasileiro encara o crime organizado. Ao reconhecer o PCC como uma estrutura mafiosa, o MPSP sinaliza que o enfrentamento exige mais do que ações pontuais — requer uma política nacional integrada, com recursos, inteligência e proteção institucional robusta.






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