
Em 2024, o Brasil enfrentou uma saída recorde de dólares, com o fluxo cambial registrando um déficit de US$ 15,9 bilhões, a terceira maior saída líquida anual de dólares na série histórica do Banco Central. Especialistas atribuem essa situação a uma crise de confiança fiscal que tem gerado incertezas significativas sobre a economia do país.
Carlos Lopes, economista do Banco BV, explica que a desconfiança em relação à situação fiscal do Brasil tem sido um fator predominante que afeta os ativos brasileiros, incluindo o câmbio. "O que tem predominado aqui sobre os impactos nos ativos brasileiros, inclusive no câmbio, é esse cenário de grande incerteza sobre a economia local", afirma Lopes.
Para conter a disparidade entre oferta e demanda de dólares, o Banco Central interveio no mercado, utilizando mais de 8% das reservas internacionais do país. Lopes ressalta que essas intervenções são necessárias em momentos de incerteza elevada e baixa liquidez no mercado, como ocorre no final do ano.
Os desafios para 2025 incluem o controle da inflação, o câmbio elevado e as expectativas desancoradas em relação às metas fiscais. Lopes acredita que o principal desafio será reduzir a crise de confiança, especialmente em relação à situação fiscal do país. "O Banco Central tem feito um esforço para compensar parte dessa falta de confiança. Se há falta de confiança na política fiscal, a política monetária, o Banco Central trata de garantir que, pelo menos, o trabalho dos juros para controlar a inflação vai ser feito", explica o economista.
A valorização do dólar preocupa em relação ao repasse de preços e seu impacto na inflação, especialmente em bens industrializados e alimentos. "Estamos vivendo um momento em que essa inflação começa a acelerar novamente. O problema é que agora ela encontra a inflação de serviços, que é a maior parte da nossa inflação, ainda muito elevada", pontua Lopes.
*Com informações da CNN Brasil
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