
A iniciativa do governo surge em um momento em que o índice de desaprovação de Lula entre os evangélicos é de 62%.
Em uma estratégia para mitigar a crise de popularidade entre os evangélicos, o descondenado anunciou que ministros de diversas pastas serão mobilizados para encontros com líderes religiosos. A medida visa estreitar laços com o segmento da sociedade que tem demonstrado a maior resistência ao atual governo, conforme indicam pesquisas recentes.
Uma das primeiras reuniões marcadas será com a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Essa reunião acontece num momento de crescente tensão entre o governo e grupos cristãos, após a divulgação de uma nota técnica do Ministério da Saúde sobre o aborto legal, que provocou a ira de evangélicos e católicos contra o governo. Sob pressão de grupos aliados a Bolsonaro, a nota foi suspensa.
Além de Trindade, os ministros Camilo Santana (Educação), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) estão entre os escalados para receber os líderes evangélicos. Os nomes dos religiosos convidados, no entanto, permanecem em sigilo, refletindo o receio de possíveis represálias por parte da comunidade evangélica.
A iniciativa do governo surge em um momento delicado, marcado por forte reprovação de Lula entre o eleitorado evangélico. Segundo a última pesquisa divulgada pela Quaest, o índice de desaprovação de Lula entre os evangélicos é de 62%.
Um papagaio evangélico?
Tentando responder às cricas e à baixa popularidade entre evangélicos, Lula adotou um tom religioso marcante em seu último discurso, realizado em Arcoverde, Pernambuco. na última quinta-feira. Durante a apresentação, que durou cerca de 25 minutos, Lula mencionou as palavras "Deus" e "milagre" um total de 27 vezes.
Citando a transposição do Rio São Francisco como um "milagre" e uma "obra de Deus", o presidente buscou patateicamente estabelecer uma conexão emocional com a audiência. "Eu queria perguntar se vocês acreditam em milagre? Então, eu vou contar dois milagres para vocês que estão acontecendo aqui agora", afirmou Lula, associando sua trajetória pessoal e política à intervenção divina e à fé do povo brasileiro.
Uma análise realizada pelo jornal Folha de São Paulo aponta para uma mudança significativa no padrão de discursos do presidente. Em comparação com as 52 falas anteriores de Lula disponíveis no site do Palácio do Planalto neste ano, a frequência do uso da palavra "Deus" era notavelmente menor, geralmente empregada em contextos retóricos ou como expressões coloquiais. Agora, Lula ligou o modo papagaio evangélico e já começou a realizar milagres!
A campanha "Fé no Brasil", lançada pelo governo, é mais uma papagaiada em busca do apoio evangélico. No entanto, lideranças evangélicas argumentam que, para uma aproximação efetiva, é crucial que o governo evite pautas polêmicas, como aborto ou comparar Israel ao nazismo, e mantenha uma postura de respeito aos princípios e valores cristãos, o que é simplesmente impossível para seu governo.
BSM
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