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Investigação da PF revela esquema bilionário envolvendo o Farmácia Popular e o tráfico internacional


Roberto Parizotti/CUT
Roberto Parizotti/CUT

Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou um esquema criminoso de grandes proporções que desviou cerca de R$ 40 milhões do programa federal Farmácia Popular, criado para garantir o acesso da população a medicamentos com descontos ou gratuitamente. O dinheiro desviado foi utilizado para lavagem de recursos do tráfico internacional de drogas, com conexões diretas à compra de cocaína na Bolívia e no Peru.


Farmácias fantasmas e CPFs de inocentes


O esquema envolvia farmácias de fachada registradas em endereços inexistentes, como terrenos baldios e imóveis abandonados. Em Águas Lindas (GO), por exemplo, moradores denunciaram que duas farmácias que nunca existiram fisicamente receberam juntas quase R$ 500 mil do programa A. Para simular vendas de medicamentos, os criminosos usavam CPFs e endereços de pessoas inocentes, além de adquirir CNPJs por meio de “laranjas”.


Conexões com o tráfico e organizações criminosas


A investigação teve início após a apreensão de 191 quilos de drogas em Luziânia (GO), transportadas por um caminhoneiro que havia saído de Rondônia. Parte da carga foi entregue em Ribeirão Preto (SP), e o restante seria recebido por Clayton Soares da Silva, dono de farmácias em Pernambuco e no Rio Grande do Sul, que também integravam o esquema.


A partir da análise do celular de Clayton, a PF chegou a Fernando Batista da Silva, conhecido como “Fernando Piolho”, apontado como líder da organização. Ele usava o nome da filha para abrir empresas e movimentar recursos sem levantar suspeitas. Uma dessas empresas, a Construarte, teria recebido mais de R$ 500 mil de pessoas ligadas ao tráfico.


Segundo a PF, Fernando mantinha relações com membros do Comando Vermelho e repassava dinheiro a pessoas em áreas próximas à fronteira com o Peru e a Bolívia. Entre os beneficiários, está a esposa de um integrante do Clã Cisneros, organização criminosa peruana especializada em laboratórios de cocaína.


Impacto e números da fraude


• Cerca de 160 mil CPFs foram usados; indevidamente pela quadrilha;

• Envolvimento de 148 farmácias, reais ou fictícias;

• Estimativa de R$ 40 milhões desviados;

• 140 mil tentativas de fraude são combatidas

diariamente pelo sistema do SUS.


Vítimas e desdobramentos


Casos como o do dentista Gustavo, de Sumaré (SP), ilustram o alcance da fraude. Ele descobriu que seu CPF foi usado para registrar a retirada de até 20 caixas de insulina por mês, mesmo sem ser diabético. A falsa entrega foi registrada em Campo Belo (MG), em uma drogaria ligada a Francisca Ferreira de Souza, empregada doméstica que consta como dona de cinco farmácias em diferentes estados.


A PF segue com as investigações e não descarta novas prisões e apreensões. O superintendente da PF no Distrito Federal, José Roberto Peres, resumiu: “Essa organização criminosa utilizou o programa Farmácia Popular para lavar dinheiro. Posteriormente, passou a usá-lo como ferramenta para investir no tráfico de drogas”.



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