Líderes do BRICS e Mercosul ausentes na cúpula da COP30 em Belém, geram constrangimento diplomático para o governo Lula
- Luana Valente

- 10 de nov.
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Belém (PA) — A ausência dos principais líderes dos blocos BRICS e Mercosul na cúpula da COP30, realizada em Belém, expôs um revés diplomático para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que atualmente ocupa a presidência rotativa do Mercosul e tem buscado protagonismo internacional nas pautas ambientais e multilaterais.
A reunião de cúpula, que antecede os debates técnicos da conferência climática, foi marcada por esvaziamento político. Nenhum dos chefes de Estado dos países do BRICS — Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia), Narendra Modi (Índia) e Cyril Ramaphosa (África do Sul) — compareceu ao evento. Da mesma forma, os presidentes dos países do Mercosul, incluindo Javier Milei (Argentina), Luis Lacalle Pou (Uruguai) e Santiago Peña (Paraguai), também não estiveram presentes.
Segundo diplomatas ouvidos por veículos da imprensa, a ausência pode ter sido um gesto deliberado de distanciamento político. Especula-se que o presidente argentino Javier Milei teria liderado um boicote silencioso à cúpula, em resposta a divergências ideológicas com Lula. No caso dos BRICS, analistas apontam que o discurso do presidente brasileiro em defesa da substituição do dólar nas transações internacionais e sua aproximação com regimes considerados autoritários podem ter contribuído para o isolamento momentâneo.
Apesar do constrangimento, o governo brasileiro tentou minimizar o impacto. O chanceler Mauro Vieira declarou que a ausência de grandes líderes “não esvazia de forma alguma” a COP30, destacando a presença de figuras como Ursula von der Leyen (União Europeia), António Costa (Portugal), o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o príncipe William, com os quais Lula manteve reuniões bilaterais ao longo da semana.
A COP30, sediada pela primeira vez na Amazônia brasileira, é considerada estratégica para o Brasil, que busca se consolidar como liderança global na agenda ambiental. No entanto, o esvaziamento da cúpula política levanta dúvidas sobre a eficácia da diplomacia presidencial e o real alcance das alianças sul-sul promovidas pelo governo.
A ausência dos aliados tradicionais em um evento de tamanha visibilidade internacional pode sinalizar um momento de reavaliação das estratégias diplomáticas brasileiras, especialmente no contexto de um cenário político brasileiro.






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