Belém enfrenta inflação no turismo a seis meses da COP30

Folha / UOL

A cidade de Belém, capital do Pará, vive uma escalada nos preços de serviços e produtos ligados ao turismo a seis meses da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. O evento, que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro, deve atrair mais de 40 mil visitantes de todo o mundo, pressionando a infraestrutura local e provocando aumentos expressivos em setores como hospedagem, alimentação e transporte.

Segundo dados do IBGE, a inflação acumulada em Belém nos últimos 12 meses chegou a 5,48%, superando a média nacional de 4,65% A. O impacto é mais evidente em itens diretamente ligados ao turismo: hospedagens subiram 17,37% na capital paraense, enquanto a média nacional foi de 11,5% B. Aluguéis residenciais também registraram alta de 8,43%, frente aos 4,87% no restante do país.

A movimentação intensa já afeta o cotidiano dos moradores. Kitnets que antes custavam R$ 800 agora são anunciadas por até R$ 1.500. Serviços de transporte por aplicativo, refeições prontas e até produtos típicos da região, como castanha-do-pará e chocolate, também encareceram.

Para conter os abusos, o governo federal, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), está monitorando os preços praticados nos últimos cinco anos e comparando-os com os valores atuais. A meta é evitar que os custos ultrapassem os praticados durante o Círio de Nazaré, tradicional evento religioso que movimenta a cidade anualmente.

A plataforma oficial de hospedagem da COP30, gerida pela empresa Bnetwork, deve entrar no ar até o fim de junho, com uma oferta inicial de 2,5 mil quartos. A expectativa é ampliar esse número para mais de 29 mil quartos e 55 mil leitos, incluindo navios de cruzeiro e prédios públicos adaptados.

Apesar dos esforços, a especulação imobiliária e o aumento da demanda já criaram um ambiente de incerteza para moradores e visitantes. “A única coisa que a COP30 vai trazer é aumento de preço para a população. Não vai ser boa para a gente em nada, só prejuízo”, desabafou a assistente social Miseleine Guimarães, moradora da região metropolitana.

Com a cidade em obras e a infraestrutura sendo ampliada às pressas, o desafio do governo é equilibrar o legado positivo do evento com os impactos imediatos sobre a população local. A COP30 promete colocar Belém no centro do debate climático global — mas, por ora, o que se sente nas ruas é o peso da inflação.

*Com informações da Folha - UOL