Corpos encontrados na mata estavam com roupas camufladas, segundo Polícia Civil; retirada das vestimentas será investigada
- Luana Valente

- 29 de out.
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Em meio às repercussões da megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, o secretário estadual de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou que diversos corpos encontrados em área de mata estavam originalmente vestidos com roupas camufladas, coletes balísticos e armamentos de guerra. Segundo ele, as vestimentas foram retiradas após os cadáveres terem sido removidos por moradores da região.
A declaração foi feita durante coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, 29 de outubro, um dia após a operação que resultou em 119 mortes, sendo quatro de policiais. De acordo com Curi, 63 corpos foram localizados em áreas de mata no Complexo da Penha, e há imagens que mostram os mortos ainda paramentados com trajes táticos. No entanto, ao serem levados para a Praça São Lucas, muitos apareceram apenas de roupas íntimas, como cuecas ou shorts.
O secretário classificou a retirada das roupas como possível fraude processual, e anunciou que a Polícia Civil abrirá investigação para apurar os responsáveis pela manipulação dos corpos. “Parece que eles entraram num portal e trocaram de roupa”, ironizou Curi, ao destacar a discrepância entre os registros feitos na mata e a forma como os cadáveres foram apresentados publicamente.
Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra moradores retirando peças camufladas dos corpos antes de colocá-los nas vias públicas. A ação gerou indignação entre autoridades, que alegam tentativa de distorcer a narrativa da operação, que segundo a polícia, visava preservar vidas inocentes ao deslocar o confronto para áreas de vegetação.
Além das mortes, a operação resultou na prisão de 113 suspeitos, incluindo 33 oriundos de outros estados, principalmente do Pará, apontados como chefes do tráfico que comandavam ações criminosas à distância. Também foram apreendidos 93 fuzis e outras armas de grosso calibre.
A investigação sobre a retirada das roupas camufladas será conduzida paralelamente à apuração das circunstâncias das mortes e da atuação policial durante a operação. A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro ainda não divulgou prazo para conclusão dos inquéritos.






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