“Decepcionante”, opina secretário-geral da ONU ao avaliar a COP30
- Luana Valente

- 4 de dez.
- 2 min de leitura
Secretário-geral reconhece avanços no multilateralismo, mas critica falta de ambição nas metas climáticas

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em novembro em Belém, deixou uma sensação de frustração para o secretário-geral da ONU, António Guterres. Em entrevista durante o evento Reuters Next, em Nova York, o dirigente português classificou o resultado como “decepcionante”, embora tenha destacado que o encontro reforçou a importância do multilateralismo em um cenário de tensões geopolíticas e ausência dos Estados Unidos.
Segundo Guterres, as negociações foram marcadas por fortes pressões da indústria de combustíveis fósseis e por campanhas contrárias de grandes potências, o que dificultou avanços significativos. Ainda assim, ele ressaltou que foi possível alcançar um consenso mínimo entre os países participantes, o que demonstra que a cooperação internacional continua funcionando. “Tenho sentimentos contraditórios em relação à COP”, declarou, ao reconhecer tanto a relevância do acordo quanto a insuficiência dos compromissos assumidos.
O balanço da conferência expôs a distância entre as metas estabelecidas no Acordo de Paris e a realidade das políticas atuais. Para Guterres, o desfecho da COP30 evidencia a dificuldade das nações em acelerar a transição energética diante da pressão de setores tradicionais. Ele alertou que, sem medidas mais ambiciosas, o mundo corre o risco de não cumprir os objetivos de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Apesar da crítica, o secretário-geral reconheceu aspectos positivos. A COP30 mostrou que, mesmo em um ambiente adverso, o multilateralismo permanece vivo. A capacidade de reunir países com interesses divergentes e chegar a um acordo foi vista como um sinal de resiliência da diplomacia climática. Guterres enfatizou que esse esforço coletivo é essencial para enfrentar a crise ambiental global.
A fala do chefe da ONU reflete o momento de avaliação crítica sobre a eficácia das conferências climáticas. Embora os encontros mantenham relevância política e simbólica, cresce a cobrança por resultados concretos que possam impactar diretamente as emissões de gases de efeito estufa. O tom de Guterres, ao mesmo tempo de frustração e reconhecimento, sintetiza o dilema atual: a necessidade urgente de ação climática versus a lentidão dos compromissos internacionais.






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