Depoimento de “Careca do INSS” à CPMI termina em bate-boca após recusa em responder relator

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BRASÍLIA — O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, protagonizou uma sessão tumultuada na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), nesta quinta-feira (25). Antunes está preso preventivamente desde 12 de setembro.

“Hoje é um dia muito importante para esta comissão. Relatado pela PF, está presente aqui o autor do maior roubo dos aposentados e pensionistas da história do Brasil”, afirmou o relator deputado Alfredo Gaspar (União-AL). A afirmação do relator teria motivado Antunes a não responder às perguntas durante a comissão, alegando ter sido previamente julgado pelo parlamentar.

Antes de iniciar sua oitiva, Antunes leu um pronunciamento no qual negou envolvimento em esquemas de descontos indevidos em benefícios previdenciários e afirmou ser vítima de perseguição política. “Jamais fui esse personagem fictício chamado Careca do INSS. Sou um empreendedor nato”, declarou. Ele justificou sua recusa em responder ao relator com base no direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo.

Em resposta ao silêncio de Antunes, o deputado Zé Trovão (PL-SC) foi à mesa diretora discutir diretamente com o advogado, e subiu o tom na sessão. A confusão levou o vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), a suspender temporariamente os trabalhos e acionar a Polícia Legislativa, embora não tenha havido intervenção efetiva.

Antunes é apontado como um dos principais operadores de um esquema que teria desviado recursos de aposentados e pensionistas por meio de contratos com associações e empresas prestadoras de serviços. Apesar de não ser servidor do INSS, sua atuação como empresário e lobista o colocou na mira das apurações. O depoimento era considerado um dos mais aguardados pela comissão, que tenta esclarecer a extensão do prejuízo causado aos beneficiários do sistema previdenciário.

Após a suspensão, os trabalhos foram retomados, mas Antunes manteve o silêncio diante das perguntas do relator. A estratégia frustrou as expectativas dos parlamentares, que esperavam obter informações cruciais para o avanço das investigações. A CPMI segue com os trabalhos, enquanto a defesa do empresário sustenta que ele tem colaborado com as autoridades e que sua prisão foi baseada em “premissas equivocadas”.