No sábado, 20, ex-presidente do PT sugeriu o boicote a empresas comandadas por judeus
O deputado estadual Guto Zacarias (União-SP), que também integra o Movimento Brasil Livre (MBL), apresentou uma notícia-crime ao Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo contra o ex-deputado José Genoino (PT, foto) por defender um boicote a empresas de judeus.
Segundo o parlamentar, Genoíno cometeu o crime previsto no artigo 20 da Lei Antirracismo por “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
“O STF (Supremo Tribunal Federal) entende, desde o famoso caso Ellwanger (escritor gaúcho acusado de antissemitismo), que os judeus são considerados uma raça e, portanto, protegidos pela Lei Antirracismo”, disse Zacarias na representação.
O deputado pediu o MPF “inicie a persecução penal em desfavor de José Genoino”.
“Caso o MPF entenda que não há elementos para iniciar a ação penal, que seja determinada abertura de inquérito policial”, acrescentou.
O ataque de Genoino aos judeus
No sábado, 20, Genoino criticou o abaixo-assinado elaborado por empresários brasileiros pedindo a retirada do apoio do país a uma ação movida pela África do Sul contra Israel na Justiça internacional. O ex-presidente do PT sugeriu então o boicote a empresas comandadas por judeus.
É interessante essa ideia do boicote por motivos políticos que ferem interesses econômicos. Inclusive tem esse boicote em relação a determinadas empresas de judeus”, disse.
“Inclusive, eu acho que o Brasil deveria cortar relações comerciais na área de segurança e defesa com o estado de Israel”, acrescentou.
Notas de repúdio
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo divulgaram no domingo, 21, notas em repúdio às declarações de Genoino.
“É uma fala antissemita, e o antissemitismo é crime no Brasil”, afirmou a Conib na nota. “O boicote a judeus foi uma das primeiras medidas adotadas pelo regime nazista contra a comunidade judaica alemã, que culminou no Holocausto”.
Já a Federação Israelita de São Paulo classificou a fala de Genoíno como “criminosa” e afirmou que a declaração do petista “remete a filosofia de Adolf Hitler”.
“O boicote a judeus foi a primeira ação coordenada do regime nazista contra os judeus na Alemanha.”
A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj) também condenou as declarações do petista.
“É extremamente grave que uma pessoa com essa projeção venha atentar contra a comunidade judaica que é trabalhadora, empreendedora, cumpre seus compromissos sociais e respeita as leis”, declarou Alberto David Klein, presidente da Fierj.
“Não vamos admitir que uma fala como a de Genoino fique sem apuração, sem que responda na forma da lei”, acrescentou.
O Antagonista
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