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Indígena é encontrado morto no Pará duas semanas após fazer denúncia na ONU


Tymbektodem Arara discursou na ONU em 28 de setembro apontando invasão da Terra Indígena Cachoeira Seca, a 250 km de Altamira



A Polícia Federal (PF) no Pará está conduzindo uma investigação sobre as circunstâncias que envolvem a morte do líder indígena Tymbektodem Arara, ocorrido na Terra Indígena Cachoeira Seca, localizada a 250 km de Altamira.


Tymbek, como era conhecido, foi encontrado sem vida em um rio em 14 de outubro, supostamente devido a um afogamento. O fato aconteceu 16 dias após ele ter se dirigido à Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, na Suíça, para denunciar a invasão de terras na Terra Indígena Cachoeira Seca, lar da etnia Arara.


No momento, ele proferiu um discurso durante a sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Tymbek atuava como o linguista dos Arara, uma etnia que teve contato recente com não-indígenas. A terra em que vivem os Arara é alvo de ação predatória para a obtenção de madeira.


Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram desmatados 697 km² de floresta na TI Cachoeira Seca entre 2007 e 2022. Enquanto esteve em Genebra, na ONU, Tymbek recebeu áudios atribuídos a fazendeiros locais, segundo uma pessoa que o acompanhou.


Após retornar ao Brasil, a Força Nacional acompanhou Tymbek e o cacique Arara desde o desembarque no Pará até a chegada na aldeia. Posteriormente, os agentes se retiraram. O líder veio a falecer aproximadamente dois dias após essa chegada.


A assessoria de imprensa da Polícia Federal do Pará confirmou que a investigação está em andamento, mas que a corporação “não comenta investigações em andamento”.


Versões diferentes para o afogamento


Tymbek estava na companhia de dois residentes locais em uma embarcação no Rio Iriri. Eles haviam bebido cachaça e estavam retornando à aldeia indígena, que se encontra próxima a uma vila habitada por não-indígenas, dentro da Terra Indígena (TI).


O consumo excessivo de álcool é identificado por defensores dos direitos indígenas como uma das questões trazidas pelos não-indígenas para as aldeias, com um impacto significativo nas comunidades de contato mais recente. Os Arara começaram a viver fora de suas aldeias em 1987, apesar de a homologação da Terra Indígena Cachoeira Seca ocorrer somente em 2016.


Existem duas versões sobre o ocorrido: uma alega que Tymbek, estando em um barco, decidiu por vontade própria entrar na água para nadar, porém, não conseguiu sair da água, e os ribeirinhos tentaram resgatá-lo. A outra versão sugere que os ribeirinhos o jogaram do barco e, devido ao estado de embriaguez, Tymbek não conseguiu nadar e acabou se afogando.


Após ser resgatado do rio, o corpo da liderança Arara foi levado para a Comunidade Maribel, habitada por não-indígenas e acessível por barcos maiores e veículos.


No local, o corpo permaneceu exposto ao sol por aproximadamente cinco horas, aguardando a chegada do Instituto Médico Legal, antes de ser posto em um saco e transportado até a cidade de Altamira.


Povo Arara sob risco


De acordo com as lideranças Arara, a estimativa aponta para cerca de 2 mil invasores na região, enquanto os indígenas que habitam o local não chegam a 200. Eles alegam que uma das razões para a presença contínua de não-indígenas na área está relacionada à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.


O Sul

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