Jornalista é detido durante cobertura das obras da COP30 em Belém

Fabyo Cruz/CENARIUM

Um repórter fotográfico Lúcio Távora, de Brasília (DF), foi detido nesta quarta-feira (27), por guardas portuários enquanto realizava cobertura jornalística nas obras de reforma do Terminal Portuário de Outeiro, em Belém do Pará. O local está sendo preparado para receber navios de cruzeiro durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro deste ano.

O profissional, que prestava serviços para a agência oficial chinesa Xinhua News Agency, foi conduzido à sede da Polícia Federal após, segundo os agentes, ter “adentrado área alfandegária de acesso restrito” na praia de Brasília, distrito de Outeiro, a cerca de 20 km do centro da capital paraense.

Segundo Távora, ele estava no porto para produzir imagens para uma agência de notícias da China. “Eu vim fazer uma reportagem para uma agência de notícias chinesa, uma reportagem positiva, pois o assunto está em alta. Então, subi no píer para fazer as fotos, mas não sabia que aqui estava em funcionamento. Fui detido pela guarda portuária”, relatou à revista Cenarium.

“Preciso ressaltar que, quando me identifiquei como jornalista, fui bem tratado pelo inspetor Sena, da Guarda Portuária. Agora, não achei um ato de censura à imprensa, mas achei desnecessário ser levado para a sede da PF, depois de me identificar como jornalista, pois não sou bandido”, ainda esclareceu o repórter fotográfico.

O episódio gerou reação imediata do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA), que repudiou

a detenção e afirmou que acompanhará o caso. “O Sinjor-PA se solidariza com o repórter e acompanhará o caso, sempre na defesa da democracia, da liberdade de imprensa, do livre exercício profissional e dos direitos de trabalhadores da comunicação”, declarou a entidade.

A Companhia Docas do Pará (CDP), responsável pela administração do terminal, também se pronunciou, destacando que o acesso às áreas portuárias exige identificação e autorização prévia, conforme protocolos de segurança vigentes.

A reforma do Terminal Portuário de Outeiro é parte do pacote de infraestrutura para a COP30. O projeto, orçado em R$ 180 milhões, inclui a construção de um píer de 710 metros e adaptações técnicas para receber dois transatlânticos — MSC Seaview e Costa Diadema — que servirão como hospedagem temporária para cerca de 6 mil pessoas, diante da insuficiência de leitos hoteleiros na região metropolitana de Belém.

A previsão é que as obras sejam concluídas até outubro, um mês antes do início da conferência climática, que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro.