Líder da oposição pontua imparcialidade de Moraes em caso Bolsonaro
- Luana Valente
- 23 de nov. de 2024
- 2 min de leitura

Em uma entrevista recente, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), expressou sérias dúvidas sobre a imparcialidade do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Marinho criticou duramente o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Polícia Federal, que acusa Bolsonaro de envolvimento em crimes como organização criminosa e tentativa de golpe de Estado.
Marinho argumentou que as alegações contra Bolsonaro são infundadas e representam uma tentativa de manipulação política. Ele destacou a fragilidade das acusações, mencionando que provas cruciais foram encontradas em um celular apreendido há dois anos. “Acharam um plano depois de dois anos, em um celular que foi apreendido há dois anos. Me desculpe, eu tenho que aguardar o que está acontecendo. Aloprado tem em todos os lugares. Já ouvi essa frase, inclusive, de um cara chamado Luiz Inácio Lula da Silva. Querer atribuir essa situação a Bolsonaro é forçar a barra”, afirmou Marinho.
O senador também criticou os métodos utilizados pelas autoridades envolvidas no caso, classificando-os como pouco ortodoxos. Ele foi particularmente crítico à atuação de Moraes, que é o relator das investigações. Para Marinho, a postura de Moraes compromete a imparcialidade do processo. “Tudo o que acontece precisa ser apurado. O que não dá é conviver com métodos pouco ortodoxos. O Direito tem um rito processual. Por exemplo: acontece um problema com uma pessoa claramente desequilibrada e, no dia seguinte, o ministro Alexandre de Moraes afirma que aquilo faz parte do gabinete do ódio e recebe o inquérito para presidi-lo. Fica difícil acreditar na imparcialidade”, criticou.
O indiciamento de Bolsonaro e outras figuras do alto escalão de seu governo, como os ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Anderson Torres, está relacionado a alegações de reuniões que discutiam a possibilidade de um golpe de Estado. A Polícia Federal também incluiu na investigação oficiais das Forças Armadas, assessores presidenciais e o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto. Segundo o relatório da PF, essas figuras teriam conspirado para abolir violentamente o Estado Democrático de Direito.
Além do indiciamento, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pediu o bloqueio de R$ 56 milhões dos 37 envolvidos no caso, incluindo Jair Bolsonaro. Essa quantia corresponde aos danos materiais causados aos prédios da Praça dos Três Poderes durante os atos de 8 de janeiro de 2023. A defesa de Bolsonaro reagiu de forma contundente ao indiciamento, classificando-o como uma tentativa de criminalizar o ex-presidente sem provas consistentes.
Marinho concluiu sua crítica enfatizando a necessidade de um processo justo e transparente, respeitando o rito processual e evitando métodos que ele considera abusivos. “Nós vivemos no Brasil um estado de exceção, que está banalizado. Todo mundo está achando que virou uma coisa normal as pessoas excepcionalizarem o direito, a democracia, o rito processual. E não está. Isso faz muito mal à democracia”, afirmou.
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