Motéis de Belém viram solução inusitada para hospedagem na COP30 e chamam atenção do New York Times: “parece um bordel”
- Luana Valente
- há 2 dias
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Belém (PA) — A capital paraense, sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), enfrenta um desafio logístico inesperado: a escassez de acomodações tradicionais para os milhares de diplomatas, cientistas, ativistas e representantes governamentais esperados em novembro. Em meio à corrida por leitos, uma alternativa curiosa ganhou destaque internacional — os motéis da cidade.
Em reportagem publicada pelo The New York Times, os estabelecimentos conhecidos por sua decoração sensual e uso por casais em busca de privacidade foram descritos como parte da solução para a crise de hospedagem. A publicação destacou suítes com espelhos no teto, barras de pole dance e jacuzzis em formato de coração, elementos que levaram o jornal a afirmar que “parece um bordel”.
Com cerca de 2.500 quartos disponíveis, os motéis de Belém estão passando por reformas para receber um público bem diferente do habitual. Motéis como o Love Lomas e o Fit Motel, por exemplo, estão adaptando suas instalações. Camas redondas estão sendo substituídas por colchões convencionais, e cardápios com brinquedos sexuais estão sendo revisados para atender aos padrões esperados pelos visitantes da conferência.
Preços elevados e críticas internacionais
A alta demanda por hospedagem fez os preços dispararem. Diárias em motéis adaptados chegam a US$ 650, enquanto hotéis convencionais ultrapassam US$ 1.000 por noite. A situação gerou críticas durante reuniões preparatórias da ONU, com delegações de países em desenvolvimento alertando para o risco de exclusão devido aos custos.
Para mitigar o problema, o governo brasileiro anunciou acordos com dois navios de cruzeiro que oferecerão cerca de 6 mil leitos adicionais a preços subsidiados, além de reformas em escolas, clubes esportivos e residências particulares.
A reportagem também contextualiza o papel dos motéis na cultura brasileira. Popularizados durante a ditadura militar, quando a vigilância domiciliar era comum, os motéis se tornaram espaços acessíveis para casais jovens que vivem com os pais. Inspirados em modelos norte-americanos e japoneses, os motéis brasileiros são conhecidos por sua decoração provocante e tarifas por hora.
A adaptação dos motéis de Belém para a COP30 revela não apenas a criatividade diante de um desafio logístico, mas também levanta questões sobre infraestrutura urbana, inclusão internacional e os limites entre o funcional e o cultural. Como disse um administrador ao NYT: “As pessoas acham que é como um bordel. Mas é apenas um espaço como qualquer outro”.
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