“Não há o que deletar”: Filipe Martins nega delação contra Jair Bolsonaro em audiência no STF
- Luana Valente
- 25 de jul.
- 2 min de leitura

Brasília — Durante audiência realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira (24), o ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Filipe Martins, afirmou categoricamente que não possui informações que incriminem o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não delatei porque não há o que delatar, primeiro porque não tomei contato com esses fatos”, declarou Martins, reforçando sua posição de defesa técnica e rejeitando qualquer possibilidade de colaboração premiada.
Réu em uma das ações penais que investigam a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, Martins é acusado de ter participado da elaboração da chamada “minuta do golpe” — um documento que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), previa medidas como a prisão de autoridades e a anulação do pleito vencido por Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-assessor, no entanto, negou qualquer envolvimento com o texto e classificou o documento como uma “minuta fantasma”, alegando que nunca teve contato com ele, nem antes nem durante o processo judicial.
Durante o interrogatório, Martins também refutou as declarações do tenente-coronel Mauro Cid, que o apontou como um dos autores da minuta. Cid, em delação premiada, afirmou que Martins teria participado de reuniões estratégicas e redigido trechos do documento. Martins negou essas alegações e disse que sequer esteve presente nas reuniões mencionadas.
A audiência foi marcada por momentos de tensão, incluindo um embate verbal entre Martins e o juiz auxiliar Rafael Henrique Tamai, que conduzia o interrogatório. Martins questionou a celeridade do processo e criticou as restrições impostas à sua comunicação, afirmando que se considera um “preso político” e que está há dois anos sob censura, impedido de conceder entrevistas ou se manifestar publicamente.
O ex-assessor permaneceu em prisão preventiva por seis meses, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, com base em elementos apresentados pela Polícia Federal e pela PGR. Ele integra o chamado “núcleo 2” da denúncia, composto por ex-integrantes do governo Bolsonaro acusados de cinco crimes, destaques para suposta abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado.
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