PF avança em investigação sobre fraude no INSS e mira Conafer

RAFA NEDDERMEYER/AGÊNCIA BRASIL

A Polícia Federal (PF) intensificou, nesta quarta-feira (14), as investigações sobre um esquema de fraude contra aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A nova fase da operação Sem Desconto teve como alvo a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer) e pessoas ligadas à entidade, suspeitas de envolvimento na apropriação indevida de recursos.

Os agentes cumpriram dois mandados de busca e apreensão em Presidente Prudente, São Paulo. Entre os investigados estão Cícero Marcelino de Souza Santos, assessor do presidente da Conafer, e sua esposa, Ingrid Pikinskeni Morais Santos. O casal teria utilizado recursos desviados de aposentadorias e pensões para a compra de veículos de luxo, segundo as autoridades.

A PF também investiga Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer e empresário do setor agropecuário. Ele é proprietário da Concepto Vet, especializada em gado de corte, e da holding Farmlands, sediada nos Estados Unidos. Os investigadores apontam que seu filho administra uma mineradora em Minas Gerais, a Lagoa Alta, sugerindo movimentação de recursos dentro e fora do Brasil.

O esquema operava por meio da cobrança automática de mensalidades de aposentados e pensionistas, sem consentimento prévio, por associações e sindicatos. Apenas entre 2019 e 2024, o prejuízo causado aos beneficiários do INSS é estimado em R$ 6,3 bilhões.

A Conafer enfrenta crescente pressão judicial. Somente entre 24 de abril e 1º de maio, foi condenada em 28 processos, sendo obrigada a restituir valores indevidamente descontados. As decisões reforçam as suspeitas de práticas abusivas da entidade contra aposentados.

A Polícia Federal segue monitorando o caso e novas fases da operação podem ser deflagradas em breve. Enquanto isso, milhares de beneficiários buscam formas de reaver os valores retirados indevidamente de seus pagamentos.