Polícia Federal intensifica buscas por líder da Conafer em escândalo da “Farra do INSS”
- Luana Valente

- 15 de nov.
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A Polícia Federal (PF) confirmou que Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), é considerado foragido após não ser localizado durante a quarta fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na última quinta-feira (13). A ação investiga o esquema conhecido como “Farra do INSS”, responsável por desviar centenas de milhões de reais de aposentados e pensionistas por meio de descontos indevidos em benefícios previdenciários.
Segundo os investigadores, a Conafer estruturou-se em três núcleos de atuação — político, financeiro e de comando — para operacionalizar as fraudes. Estima-se que o grupo tenha movimentado entre R$ 640 milhões e R$ 700 milhões, valores obtidos por meio de cobranças de mensalidades associativas sem autorização dos beneficiários.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, determinou a prisão preventiva de Lopes e de outros nove investigados. Enquanto ex-dirigentes do INSS, incluindo o ex-presidente Alessandro Stefanutto, foram presos, apenas o presidente da Conafer não foi encontrado, tornando-se o único alvo ainda em liberdade.
As apurações apontam que Lopes era o “centro de gravidade” da organização criminosa, responsável por idealizar o esquema, controlar transferências financeiras e decidir a distribuição dos recursos desviados. Ele teria atuado diretamente com operadores financeiros para garantir a continuidade das fraudes.
Além disso, documentos revelam que a Conafer teria pago propina a ex-dirigentes do INSS, incluindo José Carlos Oliveira, ex-presidente do instituto. O caso ganhou notoriedade após uma série de reportagens publicadas em 2023, que mostraram o crescimento exponencial das arrecadações das entidades envolvidas, chegando a R$ 2 bilhões em apenas um ano.
Em outubro, Lopes havia negado qualquer intenção de fuga, alegando ser vítima de perseguição política. No entanto, desde a deflagração da operação, não foi localizado pela PF, que mantém esforços para cumprir o mandado de prisão.
O escândalo da “Farra do INSS” é considerado um dos maiores casos de fraude contra aposentados no país. A investigação envolve não apenas dirigentes da Conafer, mas também ex-gestores públicos e possíveis conexões políticas. A Controladoria-Geral da União (CGU) e o STF acompanham o caso, que expõe falhas graves na fiscalização de entidades associativas ligadas ao sistema previdenciário.
Com Lopes foragido, a PF intensifica as buscas e reforça que o presidente da Conafer desempenhava papel central no esquema, sendo peça-chave para o desmantelamento completo da organização criminosa.






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