Revide tarifário do Brasil a Trump ameaça abalar pilares estratégicos da economia
- Luana Valente
- 12 de jul.
- 2 min de leitura
A escalada comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou novos contornos após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, medida que entrará em vigor em 1º de agosto. Em resposta, o governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, sinalizou que poderá aplicar medidas de reciprocidade, amparado pela recém-sancionada Lei da Reciprocidade Econômica.
Impactos econômicos potenciais
Especialistas alertam que uma retaliação direta pode gerar efeitos adversos para a própria economia brasileira. O economista Rafael Chaves destaca que muitos insumos essenciais para a produção nacional — como peças de caminhão, máquinas e equipamentos — são importados dos EUA. Taxá-los poderia prejudicar setores como transporte, agricultura e indústria de transformação.
Além disso, o Brasil depende de importações de gás natural liquefeito (GNL) em períodos de seca, parte do qual vem dos Estados Unidos. Uma retaliação poderia encarecer esse insumo estratégico.
Segundo análises recentes, os setores com maior exposição ao mercado norte-americano incluem:
• Agronegócio: café, carne bovina e suco de laranja são fortemente exportados para os EUA.
• Indústria de alta tecnologia: aeronaves da Embraer, autopeças e máquinas industriais.
• Energia: petróleo e derivados lideram a pauta de exportações brasileiras.
• Químicos e siderurgia: já afetados por tarifas anteriores, podem sofrer ainda mais com a nova alíquota.
Reação do mercado e alternativas
A medida provocou volatilidade cambial e preocupação entre investidores. A Bolsa brasileira já registra queda em ações de empresas exportadoras, especialmente nos setores de commodities e indústria pesada.
Em busca de alternativas, o governo brasileiro considera ampliar acordos comerciais com países como China e membros da União Europeia. No entanto, especialistas como Carla Beni, da FGV, alertam que qualquer retaliação deve ser cuidadosamente calculada para evitar danos internos irreversíveis.
Diante deste cenário, o presidente Lula afirmou que buscará diálogo com parceiros internacionais e recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) antes de adotar medidas mais duras. A expectativa é que o decreto regulamentando a Lei da Reciprocidade seja publicado até o dia 14 de julho.
Enquanto isso, setores produtivos e entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Frente Parlamentar do Agronegócio pedem cautela e diplomacia para preservar a histórica relação comercial entre os dois países.
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