Advogada que deporá na CPMI é acusada de apresentar documento falso ao STF contra irmão de governador do Maranhão
- Luana Valente

- 17 de out.
- 2 min de leitura

A advogada mineira Clara Alcântara Botelho Machado, representante da Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap), está no centro de uma polêmica que envolve o Supremo Tribunal Federal (STF), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) e o governo do Maranhão. Convocada para depor na CPMI que investiga fraudes em descontos previdenciários, Clara é acusada de ter apresentado ao STF um documento considerado falso, com o objetivo de implicar Marcus Barbosa Brandão, irmão do governador maranhense Carlos Brandão (PSB), em irregularidades administrativas.
O documento foi anexado por Clara em uma ação direta de inconstitucionalidade na qual ela atuava como amicus curiae, apesar de não possuir vínculo com o estado do Maranhão. A ação, relatada pelo ministro Flávio Dino, tratava da nomeação de conselheiros para o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA), cujas indicações haviam sido feitas pelo governador. O processo judicial questionava o rito dessas indicações, mas as irregularidades foram posteriormente corrigidas, conforme apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Paralelamente, três servidores da Secretaria de Infraestrutura do Maranhão foram denunciados pelo Ministério Público estadual por suposta fraude no Sistema Eletrônico de Informações (SEI). Segundo as investigações, os servidores criaram um perfil falso vinculado ao nome de Marcus Brandão, associando-o indevidamente à empresa Vigas Engenharia Ltda., que possui contratos com o governo estadual. A manobra teria como objetivo reforçar a narrativa de envolvimento do irmão do governador em esquemas irregulares.
A Justiça do Maranhão aceitou a denúncia e tornou réus os servidores Webston Carlos Inojosa Neves, Gilberto Pereira Martins e Carlos Augusto Silva. Eles são acusados de falsificação de documentos e inserção de dados fraudulentos no sistema oficial do governo. A juíza Lidiane Melo de Souza, da 2ª Vara Criminal da Capital, é responsável pelo caso.
O episódio levanta suspeitas sobre uma possível articulação para desestabilizar politicamente o governo de Carlos Brandão, especialmente diante da atuação do ministro Flávio Dino, adversário político do governador, como relator da ação no STF. A apresentação do documento falso por Clara Alcântara, agora sob investigação, adiciona uma nova camada de complexidade à CPMI, que já apura desvios milionários em benefícios previdenciários.
A defesa da advogada ainda não se pronunciou publicamente sobre as acusações. O caso segue em tramitação judicial e deve ser abordado em seu depoimento à CPMI, previsto para os próximos dias.






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