Carro vira “gabinete da propina” na Assembleia do Pará, aponta PF em operação contra desvio de R$ 200 milhões
- Luana Valente

- 17 de out.
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A Polícia Federal (PF) revelou, por meio da Operação Expertise, que um veículo utilizado por um dos investigados no esquema de corrupção no Pará funcionava como um verdadeiro “gabinete paralelo” para entrega de propinas dentro da Assembleia Legislativa do Estado (Alepa). A investigação apura o desvio de aproximadamente R$ 200 milhões em contratos públicos nas áreas de Saúde e Educação.
Segundo os agentes federais, o empresário Jacélio da Igreja, sócio da empresa Líder Engenharia, é apontado como um dos principais articuladores do esquema. Imagens obtidas por câmeras de segurança da Alepa e de uma agência bancária localizada dentro do prédio mostram Jacélio realizando saques no banco Sicoob no dia 20 de agosto de 2025. Após os saques, ele teria retornado diversas vezes ao estacionamento da Assembleia, onde se reunia com outros envolvidos dentro de seu carro.
A PF afirma que o veículo era utilizado como ponto de apoio para negociações e repasses de dinheiro ilícito, funcionando como uma espécie de escritório móvel. O uso do carro para encontros e movimentações financeiras dentro de um espaço público reforça a suspeita de que o esquema contava com a participação de servidores da Alepa.
Entre os investigados está também a vice-prefeita de Marituba, Bárbara Bessa Marques, que teria ligação com os empresários envolvidos. A operação já resultou em cinco prisões e 18 mandados de busca e apreensão em Belém e Marituba.
A Operação Expertise foi deflagrada para combater fraudes em licitações, corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro. Os contratos sob suspeita envolvem serviços e obras nas áreas mais sensíveis da administração pública, como saúde e educação, com indícios de superfaturamento e pagamento de propinas para garantir a execução dos acordos.
A PF segue analisando documentos, vídeos e registros bancários para aprofundar as investigações. O caso levanta preocupações sobre o nível de infiltração de práticas ilícitas em instituições públicas e reacende o debate sobre a necessidade de maior transparência e controle nos contratos governamentais.






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