Alta nos preços de hospedagem em Belém preocupa delegações internacionais da COP30
- Luana Valente
- 8 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de jul.

A menos de cinco meses da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro em Belém, representantes de diversos países sinalizam a possibilidade de reduzir o número de integrantes de suas delegações caso os preços de hospedagem na capital paraense não sejam revistos.
Durante reuniões preparatórias realizadas em Bonn, na Alemanha, diplomatas da Europa, África e Oceania expressaram preocupação com os valores praticados por hotéis e acomodações alternativas em Belém. Diárias que variam entre US$ 500 e US$ 2 mil (cerca de R$ 2,7 mil a R$ 11,8 mil) foram consideradas “inaceitáveis” por representantes de países com menor capacidade orçamentária.
Além dos preços elevados, há críticas quanto à qualidade da infraestrutura oferecida. Delegações relataram dificuldades em encontrar acomodações com padrões mínimos de conforto, como quartos individuais e banheiros privativos. A organização da COP30 afirma que mais de 28 mil leitos estão sendo preparados, incluindo hotéis, aluguéis de curto prazo, escolas adaptadas e unidades das Forças Armadas
O governo do Pará, responsável pela reforma de 17 escolas para receber participantes, enfrenta o desafio de atender às expectativas internacionais. Beliches e dormitórios coletivos têm sido apontados como soluções aquém do desejado por diplomatas e representantes da sociedade civil.
Repercussão internacional e risco de esvaziamento
O Reino Unido, por exemplo, cogitou utilizar embarcações como alternativa de hospedagem, mas descartou a ideia. A delegação britânica, que poderia contar com até 400 pessoas, ainda não definiu seu quantitativo final. Países como França, Japão e Portugal mantêm a confiança na capacidade brasileira de organizar o evento, mas acompanham de perto os desdobramentos.
ONGs e representantes da sociedade civil também alertam para o risco de exclusão de grupos historicamente engajados nas negociações climáticas, caso não haja opções acessíveis de hospedagem. A COP30, que promete ser histórica por ocorrer na Amazônia, pode enfrentar um esvaziamento diplomático e social se os gargalos logísticos não forem solucionados.
Em resposta às críticas, o governo brasileiro afirma estar em diálogo com o setor hoteleiro e promete divulgar uma plataforma oficial com acomodações e preços acessíveis. A Secretaria Extraordinária para a COP30 garante que haverá hospedagem “com conforto e dignidade” para todos os perfis de participantes.
A expectativa é que Belém receba cerca de 50 mil pessoas durante o evento. No entanto, o impasse sobre os custos de hospedagem permanece como um dos principais desafios para garantir a representatividade e a inclusão na conferência climática mais importante do ano.
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