Após apreensão de R$ 6 milhões, PGR investiga Antônio Doido por compra de votos
- Luana Valente
- 17 de jun.
- 2 min de leitura

A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu uma investigação contra o deputado federal Antônio Doido (MDB-PA) após a apreensão de R$ 6 milhões em espécie com aliados próximos ao parlamentar. A suspeita é de que os valores tenham origem em desvios de verbas públicas e tenham sido utilizados para compra de votos nas eleições de 2024, além de possíveis atos de corrupção de agentes públicos.
A investigação teve início após duas apreensões milionárias no estado do Pará. Em 4 de outubro de 2024, dois dias antes do primeiro turno das eleições, o policial militar Francisco de Assis Galhardo do Vale foi preso ao sacar R$ 5 milhões em uma agência bancária em Castanhal (PA). Durante a abordagem, a Polícia Federal encontrou mensagens no celular do PM que indicavam uma possível ligação direta com Antônio Doido. Em uma das conversas, o policial pergunta ao deputado: “Entregar quanto para o neguinho?”, ao que Doido responde: “380k”. No momento da prisão, Galhardo estava com exatamente R$ 380 mil em um veículo na porta do banco.
O segundo episódio ocorreu em 17 de janeiro de 2025, quando a Polícia Federal apreendeu R$ 1,1 milhão com Jacob Serruya Neto, então assessor do deputado. O dinheiro teria sido sacado em uma agência do Banco do Brasil em Belém e, segundo as investigações, seria destinado ao pagamento de propinas a servidores públicos. Após a apreensão, Serruya Neto foi exonerado do cargo na Câmara dos Deputados.
Diante dos indícios, a PGR solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a unificação das investigações e a ampliação do escopo do inquérito. Além da suspeita de compra de votos, a Procuradoria aponta indícios de peculato, lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa e infrações eleitorais. A PGR também destacou que os fatos têm relação direta com o exercício do mandato parlamentar e o uso de emendas públicas, já que Antônio Doido aparece entre os deputados que mais liberaram recursos via emendas em 2024, totalizando R$ 37,8 milhões destinados a prefeituras do Pará.
A defesa do deputado se manifestou por meio de nota, afirmando que repudia o vazamento de informações sigilosas e que Antônio Doido está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos. O parlamentar nega qualquer envolvimento em irregularidades e alega que as acusações são fruto de ilações sem fundamento.
O caso segue em investigação no STF, e novas diligências devem ser realizadas para esclarecer a origem dos valores apreendidos e a acusação de possível envolvimento do deputado em crimes eleitorais e financeiros.
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