Cacique Raoni protesta contra ausência de fala oficial na COP30
- Luana Valente

- 17 de nov.
- 2 min de leitura
Liderança indígena denuncia falta de representatividade em conferência climática realizada em Belém

O cacique Raoni Metuktire, maior liderança indígena do Brasil e referência internacional na defesa da Amazônia, realizou um ato simbólico durante a COP30, em Belém (PA), para protestar contra sua exclusão da programação oficial. O líder do povo Mebêngôkre (Kayapó) discursou na chamada Zona Azul, espaço reservado às delegações oficiais, diante de cerca de 60 pessoas, após não ter sido convidado para uma fala oficial pela presidência da conferência ou pelo governo federal.
A ausência de Raoni nos palcos principais da COP30 foi interpretada como um sinal preocupante da falta de protagonismo indígena em um evento que discute diretamente o futuro das florestas e dos povos originários. Reconhecido mundialmente por sua luta contra o desmatamento e pela preservação da Amazônia, o cacique destacou que sua presença em um espaço paralelo não substitui o direito de representar oficialmente os povos indígenas em debates globais sobre clima.
Apesar da exclusão, Raoni se reuniu com ministros presentes na conferência, como Marina Silva (Meio Ambiente), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Guilherme Boulos (Secretaria-Geral). Eles ouviram suas reivindicações e se comprometeram a encaminhá-las ao governo. O encontro ocorreu em meio a outros protestos indígenas, como o do povo Munduruku, que exigiu a revogação do decreto sobre o Plano Nacional de Hidrovias e o cancelamento da ferrovia Ferrogrão.
A COP30 tem sido marcada por manifestações que tensionam o ambiente diplomático. Além do ato de Raoni, houve protestos contra o agronegócio, críticas à exploração de petróleo na Foz do Amazonas e invasões à Zona Azul. Esses episódios reforçam a percepção de que, embora sediada na Amazônia, a conferência ainda não garante espaço proporcional às vozes indígenas.
O protesto de Raoni expõe uma contradição: enquanto o Brasil busca se afirmar como líder global na agenda climática, a principal liderança indígena do país foi relegada a um espaço secundário. Para observadores, o episódio simboliza a distância entre o discurso oficial de valorização dos povos originários e a prática política dentro das negociações internacionais. Raoni, por sua vez, reafirmou que continuará sua luta pela defesa da floresta e dos direitos indígenas, mesmo diante de exclusões institucionais.






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