Cardeal Baltazar Porras denuncia impedimento do regime de Maduro para celebrar missa em homenagem a santo venezuelano
- Luana Valente

- 27 de out.
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O cardeal venezuelano Baltazar Porras afirmou ter sido impedido pelas autoridade do governo de Nicolás Maduro de viajar até a cidade de Isnotú, no estado de Trujillo, para celebrar uma missa em homenagem a José Gregório Hernández, recentemente canonizado pelo Papa Leão XIV.
A celebração estava marcada para o dia 26 de outubro de 2025, na cidade natal do novo santo, figura venerada por sua dedicação à medicina e à fé católica. Segundo Porras, a Conferência Episcopal da Venezuela recebeu uma ligação do vice-ministro de Cultos, Edgar Arteaga, na noite anterior à cerimônia, alertando que “não era conveniente” sua presença em Isnotú. A justificativa oficial mencionava possíveis distúrbios na região, embora o cardeal tenha interpretado a ação como uma tentativa de censura e controle político sobre a Igreja.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Porras lamentou o impedimento e destacou que é tradição da Igreja Católica realizar missas de ação de graças nos locais de origem dos novos santos. “Fui convidado para celebrar a festa litúrgica de José Gregório Hernández em sua terra natal, mas fui impedido de chegar até lá”, declarou o cardeal.
A denúncia ocorre em meio a um clima de crescente tensão entre a Igreja Católica venezuelana e o governo de Maduro. A Conferência Episcopal tem se posicionado contra a repressão política no país, exigindo a libertação de presos políticos e criticando tentativas do regime de politizar a canonização de Hernández.
José Gregório Hernández, médico e cientista nascido em 1864, é considerado um símbolo de caridade e fé na Venezuela. Sua canonização foi recebida com entusiasmo pela população, que o reverencia há décadas como “o médico dos pobres”. A missa em Isnotú seria um marco religioso e cultural para os fiéis, reforçando a importância do santo na identidade venezuelana.
A atitude do governo gerou indignação entre líderes religiosos e fiéis, que veem na proibição uma afronta à liberdade religiosa e uma tentativa de silenciar vozes críticas. “Não se trata apenas de uma missa, mas de um gesto de fé e união nacional”, afirmou um porta-voz da Igreja.
A Conferência Episcopal ainda não anunciou medidas formais em resposta ao ocorrido, mas o episódio reforça o embate entre o clero e o regime chavista, que há anos se confrontam em temas como direitos humanos, democracia e liberdade de expressão.






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