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Crise na COP30: Panamá acusa Brasil de negligência e cobra mudança de sede


EFE | Isaac Fontana
EFE | Isaac Fontana

A menos de três meses da Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP30), marcada para novembro em Belém (PA), o evento enfrenta uma crise diplomática que ameaça sua realização. Em uma reunião do bureau da ONU realizada na última sexta-feira (22), o representante do Panamá, João Carlos Monterrey, fez duras críticas ao governo brasileiro, afirmando que os países participantes estão sendo “feitos de tolos” diante da falta de soluções para os problemas de hospedagem na cidade-sede.


Monterrey, que também preside o bureau da ONU responsável pela organização da COP30, expressou indignação com o que classificou como “descaso” por parte do Brasil. “É como se estivéssemos vivendo em uma realidade paralela toda vez que participamos dessas reuniões. Além disso, nosso tempo está sendo desperdiçado, e estamos sendo feitos de tolos”, declarou o diplomata panamenho.


Hospedagem inviável e pressão internacional


A principal queixa das delegações internacionais diz respeito aos preços abusivos das acomodações em Belém. Segundo levantamento da UNFCCC, 88% dos países ainda não conseguiram garantir hospedagem para o evento. Os valores das diárias chegam a ultrapassar US$ 3.000, muito acima do subsídio diário oferecido pela ONU, que gira em torno de US$ 140.


Delegações de países como Canadá, Suécia e Holanda assinaram um documento pedindo a transferência da COP30 para outra cidade, alegando que os custos inviabilizam a participação de países em desenvolvimento A. Monterrey reforçou esse apelo, solicitando formalmente à ONU que avalie alternativas de sede caso o impasse não seja resolvido.


Resposta do governo brasileiro


Em coletiva após a reunião, a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, afirmou que o Brasil já está arcando com custos significativos para a realização da conferência e não tem condições de subsidiar hospedagens para delegações estrangeiras. O governo também descartou a possibilidade de mudar a sede e prometeu montar uma força-tarefa para negociar preços mais acessíveis com moradores locais.


Risco de esvaziamento


Até o momento, apenas 47 dos 196 países convidados confirmaram presença na COP30 B. Especialistas alertam que o esvaziamento do evento pode comprometer negociações cruciais sobre metas climáticas globais, especialmente em um momento em que a Amazônia está no centro das discussões ambientais.


A crise expõe fragilidades na organização do maior evento climático do mundo e levanta dúvidas sobre a capacidade do Brasil de liderar o debate ambiental em escala global. Enquanto isso, o tempo corre contra a diplomacia — e contra o clima.

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