Deputada questiona gastos culturais dos Correios em meio a crise financeira

Júlia Zanatta cobra explicações ao Ministério das Comunicações sobre patrocínios milionários enquanto empresa acumula prejuízos bilionários

A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) protocolou um requerimento de informações ao Ministério das Comunicações pedindo esclarecimentos sobre os gastos dos Correios com patrocínios culturais em um momento de grave crise financeira. A parlamentar destacou que, apesar do déficit acumulado pela estatal, a empresa destinou milhões de reais a shows e eventos culturais, o que considera incompatível com a atual situação da companhia.

Segundo dados apresentados no pedido, os Correios registraram um prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, além de enfrentar dificuldades operacionais, como a paralisação de transportadoras terceirizadas por falta de pagamento. Em meio a esse cenário, a estatal teria desembolsado cerca de R$ 38 milhões em patrocínios culturais, incluindo apresentações de artistas renomados. Para Zanatta, a decisão levanta dúvidas sobre prioridades e gestão de recursos.

No requerimento, a deputada solicita que o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, detalhe os fundamentos legais que embasam tais patrocínios, além de apresentar relatórios de impacto e indicadores que comprovem benefícios institucionais ou financeiros para a empresa. A parlamentar também questiona se houve estudos prévios que justificassem os investimentos e quais medidas estão sendo adotadas para garantir a sustentabilidade dos Correios.

Zanatta argumenta que, diante da crise, é urgente reavaliar gastos considerados supérfluos. Para ela, a prioridade deveria ser a recuperação da capacidade operacional da estatal, que enfrenta atrasos nas entregas e reclamações de consumidores em todo o país. “O que está acontecendo nos Correios é gravíssimo. O prejuízo bilionário é apenas a ponta do iceberg”, afirmou em nota divulgada por sua assessoria.

O caso reacende o debate sobre o papel das empresas públicas na promoção cultural e sobre os limites de investimentos em patrocínios quando há desequilíbrio financeiro. Enquanto defensores da iniciativa alegam que ações culturais fortalecem a imagem institucional e aproximam a estatal da sociedade, críticos apontam que tais gastos não se justificam em tempos de déficit e podem comprometer ainda mais a saúde financeira da companhia.

O Ministério das Comunicações ainda não respondeu oficialmente ao requerimento, mas a cobrança de Júlia Zanatta deve intensificar a pressão sobre a gestão dos Correios e abrir espaço para discussões no Congresso sobre a necessidade de maior transparência e rigor na aplicação de recursos públicos.