Havaianas lança campanha “contra pé direito” e enfrenta onda de boicote

Peça estrelada por Fernanda Torres provoca reação nas redes sociais e gera acusações de viés político

A tradicional marca de sandálias Havaianas se viu no centro de uma polêmica após divulgar uma campanha de fim de ano estrelada pela atriz Fernanda Torres. No vídeo, publicado no Instagram oficial da empresa, a artista afirma: “Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito”. A frase, que faz parte do conceito da ação publicitária, foi interpretada por parte do público como uma provocação política e rapidamente desencadeou críticas e pedidos de boicote.

Na sequência da peça, Fernanda Torres explica que não se trata de um ataque à sorte ou a crenças populares, mas sim de um convite para que as pessoas iniciem o novo ano com “os dois pés”. A atriz sugere que o público entre em 2026 com intensidade, “os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés”. Apesar do tom motivacional, a mensagem não foi bem recebida por todos.

Nas redes sociais, internautas e figuras políticas ligadas à direita reagiram negativamente. O vereador Gilson Machado Filho (PL-PE), ex-ministro do Turismo no governo Jair Bolsonaro, declarou que começaria o ano “com o pé direito em outra marca”. Já o deputado federal Luiz Lima (PL-RJ) reforçou que “publicidade é escolha e consumo também”, sugerindo que os consumidores poderiam abandonar a marca.

Especialistas em marketing também se manifestaram. Marcelo Rennó destacou que, por se tratar de um ano eleitoral, campanhas publicitárias devem evitar mensagens que possam ser interpretadas como posicionamento político. Segundo ele, a escolha da expressão “pé direito” acabou sendo vista como uma indireta, ainda que o objetivo da marca fosse apenas criar uma narrativa motivacional.

O gesto de “começar com o pé direito”, tradicionalmente associado à sorte e bons presságios, foi reinterpretado por parte do público como uma referência política, transformando uma campanha de fim de ano em alvo de disputa ideológica.

Com a repercussão, a Havaianas enfrenta o desafio de administrar sua imagem em meio a um cenário de forte polarização. A marca, conhecida mundialmente, enfrenta a possibilidade de um “boicote” e com a pressão de consumidores que exigem neutralidade em peças publicitárias.