Entidade investigada por fraude no INSS contratou escritório do filho de Lewandowski

Gazeta do Povo

Uma das entidades investigadas pela Polícia Federal (PF) por envolvimento em um esquema bilionário de fraude nos descontos sobre aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contratou o escritório do advogado Enrique Lewandowski, filho do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, quatro meses antes da operação deflagrada pela PF.

O contrato foi firmado em dezembro de 2024 pelo Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap), com o objetivo de representar institucionalmente a associação junto a órgãos federais e garantir a manutenção do Acordo de Cooperação Técnica (ACT), que permite os descontos de mensalidade associativa de aposentados e pensionistas.

Entre os órgãos citados no contrato estão a Controladoria-Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU), o próprio INSS e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça.

A operação da PF, deflagrada no dia 23 de abril de 2025, investiga um esquema de fraudes em descontos indevidos sobre aposentadorias do INSS, com suspeita de desvio de até R$ 6,3 bilhões. O Cebap foi um dos alvos da ofensiva, tendo sua sede em São Paulo vasculhada por agentes federais.

Em nota, a assessoria do ministro Ricardo Lewandowski afirmou que “não há, nem houve, nenhuma atuação do referido escritório no âmbito do Ministério da Justiça e Segurança Pública”. Já Enrique Lewandowski declarou que o contrato se refere à “prestação de serviços na área do direito administrativo”, sem relação com processos criminais, e que ele “jamais atuou em nenhum processo no âmbito do Ministério da Justiça”.

Após a operação da PF, o Ministério da Previdência suspendeu todos os acordos de cooperação em vigor e se comprometeu a devolver os valores descontados dos beneficiários em abril.