Ex-diretor do INSS diz ter conhecido lobista em bar: “Ele tinha um projeto de aplicativo”
- Luana Valente

- 28 de out.
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Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o ex-diretor de Governança, Planejamento e Inovação da autarquia, Alexandre Guimarães, revelou ter conhecido o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes — conhecido como “Careca do INSS” — em um bar, em Brasília, no ano de 2022. Segundo Guimarães, o encontro foi informal e ocorreu após convite de amigos em comum, cujo nome ele preferiu não revelar.
Durante a oitiva realizada nesta segunda-feira (27), Guimarães relatou que Antunes foi apresentado como operador de mercado e teria compartilhado um projeto voltado à educação financeira. “Fui tomar uma cerveja com amigos e ele tinha um projeto de aplicativo”, afirmou o ex-diretor, ao ser questionado pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
A declaração gerou reações entre os parlamentares, especialmente diante das suspeitas que envolvem Antunes, apontado pela Polícia Federal como líder de um esquema de fraudes que desviava recursos de aposentadorias e pensões por meio de descontos indevidos. O relator ironizou o encontro: “O senhor como diretor do INSS foi chamado para um bar e lá tratou de importação e exportação de frutas?”, provocou.
Guimarães negou qualquer vínculo político em sua trajetória no serviço público e afirmou que os cargos que ocupou foram obtidos por meio da distribuição de currículos a parlamentares. No entanto, admitiu ter sido indicado ao INSS após uma reunião com o deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG).
Além do encontro no bar, o ex-diretor confirmou ter mantido relações comerciais com Antunes. Ele afirmou que abriu a empresa Vênus Consultoria para atender demandas do lobista, mas negou envolvimento direto nas fraudes. Segundo as investigações, Guimarães teria recebido mais de R$ 2 milhões por meio de contratos com empresas ligadas ao “Careca do INSS”, em um padrão já identificado pela Polícia Federal como típico de operações ilícitas com uso de empresas de fachada.
A CPMI segue apurando o envolvimento de servidores e ex-dirigentes do INSS com o esquema, que teria causado prejuízos milionários aos cofres públicos e afetado diretamente beneficiários da Previdência Social. O relator Alfredo Gaspar prometeu aprofundar as investigações sobre os vínculos empresariais e políticos entre os envolvidos.






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