Falas recentes de Lula aumentam tensão diplomática antes de possível encontro com Trump, alerta Itamaraty
- Luana Valente

- 23 de out.
- 2 min de leitura

As declarações públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas últimas semanas têm elevado o nível de tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, segundo fontes do Itamaraty. O alerta ocorre às vésperas de um possível encontro presencial entre Lula e o presidente norte-americano Donald Trump, previsto para ocorrer durante a cúpula internacional na Malásia, no próximo domingo (26).
Divergências públicas e críticas mútuas
A escalada de atritos teve início com a imposição de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, anunciadas por Trump em abril. Embora o Brasil tenha sido menos afetado do que países como China e Vietnã, a medida foi duramente criticada por Lula, que classificou a decisão como “um retrocesso nas relações comerciais” e “um sinal de unilateralismo” por parte dos EUA.
Em resposta, Trump intensificou sua retórica contra o governo brasileiro, especialmente após Lula demonstrar apoio diplomático ao regime de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela — figura que Trump considera um ditador. A troca de farpas públicas entre os dois líderes tem preocupado diplomatas brasileiros, que veem risco de o encontro se transformar em um palco de embates ideológicos, em vez de avanços concretos.
Alerta do Itamaraty e bastidores da diplomacia
Segundo diplomatas ouvidos pela imprensa, o Itamaraty teme que o tom adotado por Lula possa comprometer o ambiente de diálogo com Washington. O Ministério das Relações Exteriores tem trabalhado para suavizar o clima e garantir que a reunião, se confirmada, ocorra em termos construtivos. Em nota conjunta divulgada após reunião entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, os dois governos afirmaram estar comprometidos em “colaborar em várias frentes” e “viabilizar um encontro entre os presidentes o mais breve possível”.
Riscos de exposição e armadilhas diplomáticas
Analistas alertam que encontros com Trump frequentemente fogem ao protocolo diplomático tradicional. O presidente norte-americano costuma conduzir reuniões diante das câmeras, desviando do tema principal e, por vezes, expondo interlocutores com críticas inesperadas. Há receio de que Lula seja surpreendido por declarações públicas de Trump sobre temas sensíveis, como comércio, meio ambiente ou política externa, o que poderia gerar constrangimentos adicionais.
Expectativas e incertezas
Apesar das tensões, há expectativa de que o encontro possa abrir caminho para a revisão das tarifas impostas aos produtos brasileiros e fortalecer a cooperação bilateral em áreas como energia e segurança. No entanto, especialistas como o colunista Leonardo Sakamoto alertam que a reunião “não pode ser apenas para foto” e precisa resultar em avanços concretos.






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