Filha de fotógrafo demitido após flagrar gesto de Moraes contesta versão oficial do Estadão

A demissão do fotógrafo Alex Silva, de 63 anos, após registrar uma imagem polêmica do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, durante uma partida de futebol, gerou forte repercussão e agora é alvo de questionamentos públicos por parte da filha do profissional, Lara Prado.

No dia 30 de julho, durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras na Neo Química Arena, Silva capturou três fotogramas que mostram Moraes fazendo um gesto obsceno em direção à torcida. A imagem foi enviada ao jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), onde Silva trabalhava há 23 anos. Apesar da relevância da foto, o Estadão optou por não publicá-la na capa, deixando-a apenas na home do site. Posteriormente, a imagem foi vendida a outros veículos, como a Folha de S.Paulo, que a destacou em sua primeira página.

Lara Prado, filha do fotógrafo, publicou um vídeo nas redes sociais contestando a versão oficial do Estadão. Segundo ela, o pai foi escalado especificamente para registrar a presença de Moraes no estádio, e após cumprir a missão, foi surpreendido com a demissão uma semana depois. “Meu pai foi chamado à sede do jornal e informado que seria desligado por ‘motivos administrativos’, sem maiores explicações”, relatou Lara.

Em nota oficial, o Estadão negou qualquer relação entre a demissão e a foto de Moraes. O jornal alegou que o desligamento de Silva fazia parte de uma “redução de quadros da editoria de Fotografia, seguindo critérios exclusivamente administrativos”.

Lara encerrou seu vídeo com uma pergunta direta ao público: “Você acredita nessa justificativa ou não?” A indagação ecoa entre profissionais da imprensa e internautas, que levantam dúvidas sobre a real motivação por trás da dispensa de um fotógrafo com mais de três décadas de carreira.

O gesto de Moraes, capturado por Silva, ocorreu em meio a um ambiente político tenso, com o ministro sendo alvo de críticas por parte de setores da sociedade. A imagem ganhou destaque justamente por seu teor provocativo, o que levanta suspeitas sobre uma possível tentativa de minimizar sua repercussão.

O Estadão, até o momento, não se manifestou além da nota oficial.