Hugo Motta cogita indicar Nikolas Ferreira como relator da CPI do INSS em meio a tensão com o Planalto

Bruno Spada/Câmara

Brasília — O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avalia indicar o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) como relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A possível nomeação ocorre em um momento de crescente tensão entre o Congresso Nacional e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A movimentação de Motta é vista como uma resposta política à recente judicialização, por parte do governo, do projeto que derrubou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O gesto foi interpretado como uma tentativa de pressionar o Executivo e sinalizar insatisfação com o que parlamentares classificam como retórica divisionista do governo federal.

Nikolas Ferreira, conhecido por seu perfil combativo e alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro, é uma das figuras mais influentes da oposição nas redes sociais. Sua eventual indicação à relatoria da CPI é considerada estratégica por aliados de Motta, que veem na escolha uma forma de ampliar o desgaste do governo Lula junto à opinião pública.

Até recentemente, Hugo Motta havia sinalizado que evitaria indicar nomes ligados tanto ao PT quanto ao PL para cargos de comando na CPI, buscando evitar disputas ideológicas. No entanto, diante do acirramento do embate institucional, o presidente da Câmara passou a considerar a nomeação de um nome mais polarizador.

A presidência da CPI ficará a cargo do Senado, com o senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado do governo, sendo o nome mais cotado para o posto. A definição da relatoria, no entanto, pode alterar significativamente os rumos da investigação e o tom dos trabalhos da comissão.

A decisão final de Motta ainda não foi anunciada, mas a possibilidade de Nikolas Ferreira assumir a relatoria já mobiliza tanto a base governista quanto a oposição no Congresso.