“Destruir, destruir e destruir”: Lula recebe críticas de cacique Raoni durante visita ao Xingu por exploração de petróleo na Foz do Amazonas
- Luana Valente
- 5 de abr.
- 2 min de leitura

Em uma cerimônia realizada na Aldeia Piaraçu, no Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condecorar o cacique Raoni Metuktire com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, a mais alta honraria do Estado brasileiro. O evento, que ocorreu na sexta-feira (4), destacou a trajetória de Raoni como uma das principais lideranças indígenas do Brasil e defensor incansável do meio ambiente e dos povos originários.
Durante o encontro, o cacique Raoni aproveitou a oportunidade para criticar a possibilidade de exploração de petróleo na Foz do Amazonas, uma iniciativa defendida por setores do governo e pela Petrobras. Em seu discurso, traduzido para o português, Raoni alertou sobre os riscos ambientais e espirituais associados à exploração na região, enfatizando que tal atividade poderia levar à destruição irreversível do meio ambiente.
“Estou sabendo que, na Foz do Amazonas, o senhor está pensando no petróleo que tem lá debaixo do mar. Eu penso que não [deveria explorar]. Porque essas coisas, da forma como estão, garantem que a gente tenha um meio ambiente, a terra com menos poluição e menos aquecimento”, disse Raoni à CNN, com ajuda de um intérprete.
Raoni destacou que a preservação ambiental é essencial para combater a poluição e o aquecimento global, e pediu ao presidente que reavaliasse a proposta. Ele também mencionou que, como pajé, recebeu sinais espirituais que reforçam os perigos de continuar com práticas destrutivas.
“Se isso acontecer, eu sou pajé também. Eu já tive contato com os espíritos, que sabem dos riscos que a gente tem de continuar trabalhando dessa forma, de destruir e destruir e destruir”, completou.
Lula, por sua vez, não respondeu diretamente às críticas, mas exaltou a liderança de Raoni, descrevendo-o como um "ser extraordinário" e "grande nome da história". O presidente reafirmou o compromisso de seu governo com os direitos indígenas e a preservação ambiental, destacando a importância de alcançar a meta de desmatamento zero na Amazônia até 2030.
A exploração de petróleo na Margem Equatorial, que inclui a Foz do Amazonas, tem gerado debates intensos dentro do governo e entre ambientalistas. Enquanto a Petrobras projeta um potencial de extração de 10 bilhões de barris na região, órgãos como o Ibama têm resistido à aprovação de licenças devido a preocupações ambientais.
O evento no Xingu também contou com a presença de lideranças indígenas de várias etnias, além de ministros e da primeira-dama, Rosângela da Silva. A cerimônia foi marcada por homenagens mútuas e discussões sobre políticas públicas voltadas para os povos indígenas e a preservação da floresta.
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