PF confirma consulta prévia e recusa participação em operação letal no Rio
- Luana Valente

- 30 de out.
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A Polícia Federal confirma que foi consultada por forças estaduais antes da operação no Rio, mas optou por não participar por incompatibilidade com seus protocolos operacionais. Essa é a primeira admissão oficial de que houve comunicação prévia entre as corporações.
Em uma declaração inédita e oficial, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, confirmou nesta quarta-feira (29), que a corporação foi consultada por forças estaduais antes da megaoperação realizada no Rio de Janeiro, que resultou em ao menos 119 mortes, incluindo quatro policiais. A operação, conduzida pelas Polícias Civil e Militar, é considerada a mais letal da história do país.
Segundo Rodrigues, houve contato em nível operacional entre agentes da inteligência da Polícia Militar e a superintendência da PF no estado. O objetivo era verificar se haveria possibilidade de atuação conjunta. No entanto, após análise do planejamento, a PF concluiu que a ação não se enquadrava em seus protocolos e perfil de atuação. “Entendemos que não era o modo que a Polícia Federal atua, o modo de fazer operações”, afirmou o diretor-geral.
A declaração surge em meio a críticas e questionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que demonstraram surpresa com o número de mortos e cobraram esclarecimentos sobre a compatibilidade da operação com o Estado democrático de direito.
Rodrigues também esclareceu que, embora tenha havido comunicação prévia, não foi informado sobre a data exata nem sobre o plano completo da ação. “Houve um contato anterior, do pessoal da inteligência da PM com o nosso pessoal no Rio, para ver se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto nesse contexto”, explicou.
A fala do diretor-geral contradiz parcialmente a declaração anterior de Lewandowski, que havia dito que o governo federal não foi comunicado sobre a operação. A revelação de Rodrigues marca a primeira admissão oficial de que houve consulta por parte das forças estaduais, ainda que sem detalhamento formal ou convite explícito para participação.
A recusa da PF em integrar a operação reacende o debate sobre os limites da atuação policial em ações de grande escala e sobre a necessidade de maior coordenação entre as esferas federal e estadual em temas de segurança pública.






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