PF confirma falhas na obtenção de provas em investigação contra Bolsonaro
- Luana Valente

- 23 de ago.
- 2 min de leitura

A Polícia Federal (PF) revelou, em relatório recente, falhas significativas na obtenção de provas digitais durante a investigação que levou ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O documento aponta que pelo menos 15 arquivos — incluindo áudios, imagens e vídeos — não puderam ser recuperados, comprometendo a compreensão total dos fatos apurados.
Segundo o relatório, as dificuldades estão diretamente ligadas à estrutura do aplicativo WhatsApp, utilizado pelos investigados. A plataforma não armazena os arquivos de mídia, apenas seus metadados — como nomes, tipos e horários — o que teria impedido a PF de acessar conteúdos mencionados nas conversas entre Bolsonaro, seu filho e aliados.
Ainda de acordo com o relatório, entre os arquivos perdidos estão um áudio de Jair Bolsonaro a mensagens de Eduardo sobre estratégias políticas e o futuro da família, além de imagens que teriam provocado repreensões do ex-presidente ao filho por críticas ao ministro Gilmar Mendes.
A ausência desses materiais compromete a análise do grau de coordenação entre os envolvidos, especialmente em momentos considerados críticos. A PF destaca que as lacunas dificultam a avaliação do estado emocional dos interlocutores e da possível articulação com agentes estrangeiros, como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na tentativa de contornar as falhas, os investigadores têm recorrido ao contexto das mensagens e aos metadados disponíveis. Mas vale frisar que o relatório final não apresenta provas consistentes ou materialidade de crimes, levantando suspeitas de que a divulgação das conversas possa ter um componente político.
O indiciamento de Bolsonaro e Eduardo ocorre em meio a uma série de investigações sobre suposta tentativa de obstrução da Justiça e articulações internacionais para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF). A PF também identificou transferências financeiras entre pai e filho, além de mensagens trocadas com o pastor Silas Malafaia, mas que não sustentam provas formais.
A defesa de Bolsonaro, argumenta que nem todas as provas foram devidamente incluídas no processo, e pediu ao STF a suspensão da ação penal que o acusa de liderar uma organização criminosa voltada para um golpe de Estado.
A investigação segue em curso, com desdobramentos que podem redefinir o cenário político e jurídico brasileiro nos próximos meses.






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