Presidente dos Correios pede demissão após prejuízo bilionário e pressão política
- Luana Valente
- 5 de jul.
- 2 min de leitura

O presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Fabiano Silva dos Santos, entregou sua carta de demissão nesta sexta-feira (4), em meio a uma grave crise financeira e crescente pressão política. A renúncia foi protocolada no Palácio do Planalto e aguarda oficialização após conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpre agenda no Rio de Janeiro.
A decisão ocorre após os Correios registrarem prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, o maior entre as estatais federais, e um novo rombo de R$ 1,7 bilhão apenas no primeiro trimestre de 2025. A estatal enfrenta queda de receitas, aumento de despesas e críticas pela lentidão na implementação de medidas de ajuste, como venda de imóveis, programa de demissão voluntária e criação de um marketplace em parceria com a Infracommerce.
Além da crise financeira, a saída de Fabiano Silva foi impulsionada por pressões políticas. O União Brasil, partido que comanda o Ministério das Comunicações — ao qual os Correios são subordinados —, tenta emplacar um aliado na presidência da estatal desde o início do atual governo. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, estariam entre os principais articuladores da troca.
Apesar do cenário adverso, Fabiano Silva afirmou a interlocutores que sua decisão não está relacionada aos resultados financeiros da empresa. Ele atribui os prejuízos à chamada “taxa das blusinhas”, implementada em 2023, que impôs tributos sobre compras internacionais de varejistas chinesas, afetando diretamente o volume de encomendas processadas pela estatal.
A expectativa é que o governo anuncie em breve o nome do novo presidente dos Correios. O União Brasil, que já ocupa cargos estratégicos na estatal, deve intensificar sua articulação para assumir o comando da empresa.
Comments