Relator da CPMI estima rombo de R$ 70 bilhões em fraudes com consignados no INSS
- Luana Valente

- 5 de set.
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Brasília — O deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), afirmou que o prejuízo causado por esquemas envolvendo empréstimos consignados e descontos indevidos pode ultrapassar R$ 70 bilhões. A estimativa foi apresentada durante sessão da comissão nesta semana, que tem como foco apurar desvios bilionários que atingiram aposentados e pensionistas em todo o país.
Segundo Gaspar, o montante inclui não apenas empréstimos consignados contratados sem o consentimento dos beneficiários, mas também cobranças irregulares feitas por sindicatos e associações, que descontavam mensalidades diretamente dos benefícios previdenciários. “Estamos diante de uma máquina de roubo institucionalizada, que operou por anos com a conivência de setores que deveriam proteger os mais vulneráveis”, declarou o relator.
As investigações revelam que milhões de aposentados foram vítimas de descontos mensais indevidos, muitas vezes sem sequer saber que estavam associados às entidades que realizavam as cobranças. A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) é uma das organizações no centro das apurações, tendo recebido mais de R$ 3,6 bilhões em repasses nos últimos dez anos, segundo auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU).
Além disso, a CPMI pretende avançar para uma segunda fase de investigações, que incluirá bancos e cooperativas de crédito supostamente envolvidos na concessão de empréstimos consignados fraudulentos. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que resistirá a qualquer pressão de instituições financeiras que tentem interferir nos trabalhos da CPMI.
A comissão, composta por 32 parlamentares, tem prazo inicial de seis meses para concluir os trabalhos, podendo ser prorrogada. Entre as medidas previstas estão a quebra de sigilos bancários e fiscais de entidades suspeitas, além da convocação de representantes para prestar depoimento.
A CPMI também orienta os cidadãos a verificarem, por meio do aplicativo Meu INSS, se foram vítimas de descontos indevidos e como solicitar ressarcimento. A expectativa é que o relatório final da comissão traga recomendações para endurecer a fiscalização sobre operações de crédito consignado e a atuação de entidades representativas junto ao INSS.
As fraudes vieram à tona após operações da Polícia Federal e da CGU entre 2019 e 2024, que revelaram um esquema de desvios sistemáticos em benefícios previdenciários. Embora o valor inicialmente estimado fosse de R$ 6 bilhões, a nova projeção de R$ 70 bilhões indica uma dimensão muito maior do problema, com implicações profundas para a segurança social brasileira.
Com informações do Diário do Poder






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