Brasil reafirma compromisso com o Brics em meio a tensões com os EUA, diz Celso Amorim
- Luana Valente
- há 3 dias
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Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, declarou que o Brasil está decidido a reforçar seu compromisso com o Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos membros como Irã e Egito.
A afirmação ocorre em resposta à proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu tarifas de até 50% sobre países que se alinhem ao bloco Brics, considerado por ele ditatoriais. Amorim classificou essas investidas como uma tentativa de interferência nos assuntos internos brasileiros, especialmente após Trump também condicionar a retirada das tarifas à interrupção das acusações contra o ex-presidente, Jair Bolsonaro.
“A interferência de Trump é algo que nem mesmo nos tempos coloniais se via. Não acho que nem a União Soviética teria feito algo assim”, afirmou Amorim.
O diplomata também negou que o Brics tenha viés ideológico, defendendo que o bloco atua em prol de uma ordem mundial multilateral, diante da crescente postura isolacionista dos EUA. Segundo ele, o Brasil busca relações diversificadas com parceiros na Europa, América do Sul e Ásia, e não pretende depender de nenhum país específico.
Além disso, Amorim destacou o interesse do Canadá em negociar um acordo de livre comércio com o Brasil e voltou a defender a ratificação do tratado entre Mercosul e União Europeia, como forma de ampliar mercados e equilibrar as relações internacionais.
Apesar da China ser o maior parceiro comercial do Brasil, Amorim afirmou que não há intenção de favorecer Pequim na disputa comercial com Washington. “Os países não têm amigos, somente interesses”, disse o assessor, acrescentando que Trump representa um estilo de governo baseado em impulsos: “Trump não tinha nem amigos, nem interesses, somente desejos. Uma ilustração de poder absoluto”.
Mais detalhes sobre as críticas de Trump
Donald Trump intensificou suas críticas ao Brasil após o país reafirmar seu compromisso com o bloco Brics. Em declarações públicas e postagens nas redes sociais, Trump classificou o grupo como “antiamericano” e anunciou tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, como forma de retaliação.
Além das sanções econômicas, Trump acusou o sistema judicial brasileiro de promover uma “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a processos por tentativa de golpe de Estado. O líder norte-americano afirmou que Bolsonaro é vítima de uma “aberração jurídica” e que deveria ser julgado apenas “nas urnas”.
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