Brasil sob ameaça de tarifa de 100% por importações de petróleo russo, alerta Otan
- Luana Valente
- 16 de jul.
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Em declaração feita nesta terça-feira (15), o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, afirmou que países como Brasil, China e Índia poderão ser alvo de sanções secundárias com tarifas de até 100% caso mantenham relações comerciais com a Rússia, especialmente na compra de petróleo e derivados.
A fala ocorreu durante uma reunião com congressistas dos Estados Unidos, que discutem um projeto de lei para penalizar economicamente nações que continuam negociando com Moscou em meio à guerra na Ucrânia. Rutte foi direto: “Se você é o presidente da China, o primeiro-ministro da Índia ou o presidente do Brasil e ainda negocia com os russos e compra seu petróleo e gás, saiba que se esse cara em Moscou não levar as negociações de paz a sério, eu lhe aplicarei sanções secundárias de 100%”.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o Brasil importou US$ 5,4 bilhões em diesel russo em 2024, atingindo um recorde na balança comercial do produto. O país é hoje um dos principais compradores mundiais de derivados de petróleo da Rússia, o que o coloca diretamente na mira das possíveis sanções.
A declaração de Rutte vem na esteira de um ultimato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou que imporá tarifas “muito severas” à Rússia caso um cessar-fogo não seja firmado na guerra em até 50 dias. A Casa Branca confirmou que essas medidas incluirão tarifas de 100% sobre produtos russos e sanções aos países que mantiverem comércio com Moscou.
Além disso, os EUA anunciaram o envio de novos sistemas de defesa aérea Patriot à Ucrânia, com parte dos custos sendo cobertos por países europeus.
A ameaça de sanções secundárias representa uma escalada na pressão internacional para isolar economicamente a Rússia. Países do Brics, como Brasil, Índia e China, que mantêm laços comerciais com Moscou, são agora instados a reconsiderar suas posições. Rutte apelou diretamente aos líderes desses países para que pressionem o presidente russo Vladimir Putin a levar a sério as negociações de paz.
O governo russo, por sua vez, classificou as declarações como “sérias” e afirmou que precisa de tempo para analisá-las.
Além do petróleo, o Brasil depende fortemente da Rússia para o fornecimento de fertilizantes e outros insumos agrícolas. Especialistas alertam que uma tarifa de 100% pode ter impactos severos no agronegócio brasileiro, afetando desde os custos de produção até os preços ao consumidor.
A possível sanção também reacende o debate sobre a posição do Brasil na geopolítica global e sua relação com os países ocidentais em meio ao prolongamento do conflito na Ucrânia.
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