Desafios e efeitos limitados: medidas do governo contra a inflação dos alimentos

Leo Martins / Agência O GLOBO

O governo federal anunciou recentemente um pacote de medidas para combater a alta nos preços dos alimentos, uma questão que tem impactado diretamente o orçamento das famílias brasileiras e a popularidade da gestão atual. Entre as ações divulgadas estão a isenção de impostos de importação para produtos como carne, café, açúcar, milho e azeite, além de estímulos à produção de itens da cesta básica por meio do Plano Safra e o fortalecimento de estoques reguladores.

Apesar das intenções declaradas, especialistas apontam que o impacto dessas medidas pode ser limitado uma vez que a queda dos preços já é esperada com colheita de safra maior. Outro aspecto que vale ressalta é sobre a redução de alíquotas de importação que abrange produtos que representam uma pequena parcela das importações brasileiras, o que pode minimizar os efeitos esperados nos preços finais.

Além disso, a implementação de algumas ações depende de aprovação legislativa e da adesão de estados, como no caso da redução do ICMS sobre itens da cesta básica. Outro desafio é o equilíbrio entre a redução de preços para os consumidores e a proteção dos produtores nacionais. A entrada de produtos importados mais baratos pode gerar competitividade, mas também levanta preocupações sobre possíveis prejuízos ao setor agrícola brasileiro.

Embora o governo tenha destacado que as medidas serão mantidas pelo tempo necessário para garantir resultados, analistas econômicos permanecem céticos quanto à eficácia de curto prazo. A inflação dos alimentos, que encerrou 2024 em 8%, continua pressionando o poder de compra da população, especialmente entre os grupos de baixa renda.

A gestão federal enfrenta, portanto, o desafio de alinhar políticas econômicas que atendam às demandas imediatas da população sem comprometer a sustentabilidade fiscal e a competitividade do setor produtivo nacional. A eficácia das medidas anunciadas será um teste crucial para a administração atual, que busca recuperar a confiança do eleitorado em meio a um cenário econômico desafiador.