A recente desvalorização do real, impulsionada por temores fiscais no Brasil e pelo fortalecimento do dólar com a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, desencadeou uma saída significativa de investimentos do Brasil para o exterior. Esse movimento, que pode ter vindo para ficar, reflete a crescente percepção de risco entre os investidores brasileiros.
De acordo com dados do Banco Central, o saldo de investimentos de brasileiros em ativos no exterior superou os US$ 10,6 bilhões até novembro de 2024, mais do que o dobro do registrado em todo o ano de 2023. A corretora americana Avenue, que tem o Itaú Unibanco como sócio, registrou um aumento de pelo menos 20% no volume de investimentos em dezembro, comparado a novembro, tradicionalmente um mês fraco devido ao período de festas.
Roberto Lee, fundador e CEO da Avenue, explicou que a percepção de risco no Brasil se tornou mais latente, levando a um movimento em massa de recursos para fora do país. "Quando o dólar sobe, o público conservador se move nos momentos de insegurança, buscando opções seguras como títulos do Tesouro americano e dívida de empresas americanas", afirmou Lee.
A sinalização de que o Federal Reserve (Fed) cortará menos os juros em 2025 também contribui para a migração de recursos para os EUA. No entanto, o principal gatilho continua sendo o cenário fiscal no Brasil, intensificado após o pacote do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considerado insuficiente para conter o crescimento da dívida pública brasileira.
Esse êxodo de investimentos destaca a necessidade de medidas econômicas mais robustas para restaurar a confiança dos investidores e estabilizar a moeda brasileira. Enquanto isso, a busca por segurança financeira continua a direcionar os recursos para mercados mais estáveis e previsíveis.
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