Durante evento no Rio, Lula critica Congresso e constrange presidente da Câmara Hugo Motta: “É o que existe de pior”

YouTube

Em cerimônia oficial realizada no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 15, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) protagonizou um momento de tensão política ao criticar duramente o Congresso Nacional, classificando sua atual composição como de “baixo nível” e atacando diretamente a maioria oposicionista, que chamou de “o que existe de pior”. As declarações foram feitas na presença do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que foi vaiado por parte da plateia antes de discursar.

O evento, que celebrava o Dia dos Professores, contou com a participação de ministros, parlamentares e lideranças educacionais. Lula, ao tomar a palavra, não poupou críticas à legislatura atual, afirmando que “o Hugo [Motta] é presidente desse Congresso. Ele sabe que esse Congresso nunca teve a qualidade de baixo nível como tem agora”. Em seguida, o presidente foi ainda mais incisivo: “Aquela extrema-direita que se elegeu na eleição passada é o que existe de pior”.

A fala gerou desconforto visível entre os presentes, especialmente por ter sido feita ao lado de Motta, que permaneceu sentado no palco durante o discurso. A crítica pública ao presidente da Câmara foi interpretada por analistas como um gesto de constrangimento deliberado, evidenciando o clima de tensão entre o Executivo e o Legislativo. Motta, em entrevista posterior, tentou amenizar o impacto das declarações, dizendo que entendeu a crítica como direcionada à extrema-direita e não ao Congresso como um todo. Ele também destacou que a polarização política tem levado a “declarações que ultrapassam o tom em diversos episódios”.

A oposição reagiu com veemência. O deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), líder da bancada conservadora, classificou as falas de Lula como “irresponsáveis e antidemocráticas”, acusando o governo de tentar desviar o foco de problemas como aumento de impostos e denúncias de corrupção. Zucco afirmou que “o verdadeiro problema do Brasil hoje é o governo petista”.

As declarações de Lula impulsiona o debate sobre a relação entre os poderes e a governabilidade. Desde o início do terceiro mandato, o presidente tem enfrentado dificuldades para aprovar pautas prioritárias no Congresso, onde a oposição conservadora e liberal tem maioria. A crítica pública ao Legislativo, especialmente em um evento institucional, é vista como uma escalada na retórica presidencial diante da resistência parlamentar.

O episódio também levanta questionamentos sobre a estratégia política do governo para lidar com o Congresso em um cenário de crescente polarização. Com o ano eleitoral de 2026 se aproximando, Lula tem intensificado seus discursos em defesa de pautas sociais e contra o que chama de “retrocesso político” representado pela direita.