Esquema milionário às custas de inativos é revelado na CPMI

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Um esquema milionário envolvendo descontos indevidos em benefícios de aposentados do INSS foi exposto durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga fraudes contra segurados da Previdência Social. O foco das denúncias recai sobre a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais (Conafer), presidida por Carlos Roberto Ferreira Lopes.

Segundo o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), a entidade teria faturado ilegalmente mais de R$ 800 milhões por meio de descontos automáticos nos benefícios de aposentados, sem autorização ou prestação de serviços reais. O parlamentar classificou o esquema como uma “organização criminosa” e detalhou a existência de um “empreendimento familiar”, com participação de irmãos, esposa e cunhados de Lopes no controle de empresas envolvidas.

Durante o interrogatório, Carlos Lopes admitiu ser dono ou procurador de diversas empresas prestadoras de serviços à Conafer, mas não soube explicar a natureza dos serviços oferecidos. Um dos pontos mais controversos foi a aquisição de aeronaves por um funcionário da entidade, residente na periferia de Brasília, o que levantou suspeitas sobre a origem dos recursos e a legalidade das transações.

O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) reforçou a gravidade das revelações, afirmando que a CPMI conseguiu demonstrar o funcionamento de mais uma estrutura criminosa operando à sombra de entidades de fachada. A investigação segue em curso, com expectativa de novos depoimentos e aprofundamento das apurações sobre o destino dos recursos e o envolvimento de outros agentes públicos e privados.

A CPMI foi instalada com o objetivo de apurar irregularidades em descontos consignados e serviços não solicitados que afetam milhares de aposentados e pensionistas em todo o país. O caso da Conafer reacende o debate sobre a fiscalização de entidades conveniadas com o INSS e a transparência nos contratos de prestação de serviços.