FGTS como empréstimo: Solução econômica ou populismo em tempos de crise?

Roberta Aline / MDS

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou recentemente uma nova modalidade de crédito consignado que permite aos trabalhadores formais do setor privado utilizarem até 10% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) como garantia para empréstimos.

A medida, batizada de "Crédito do Trabalhador", foi apresentada como uma solução para facilitar o acesso ao crédito em um cenário de juros elevados e dificuldades econômicas. No entanto, trabalhadores enfrentam desafios ao usar FGTS como garantia para empréstimos com juros elevados.

De acordo com o governo, a iniciativa busca dinamizar a economia ao ampliar a circulação de dinheiro e beneficiar mais de 40 milhões de trabalhadores. No entanto, a medida tem gerado especulações e críticas com especialistas alertando para os riscos de endividamento excessivo e para o impacto no FGTS, tradicionalmente visto como uma reserva financeira para emergências ou aposentadoria. Em caso de demissão sem justa causa, por exemplo, o trabalhador pode perder a parte do saldo do FGTS utilizada como garantia, o que pode comprometer sua estabilidade financeira a longo prazo.

Outro aspecto que vale ressaltar é que tal medida pode ser interpretada como uma estratégia populista para conter a insatisfação popular em meio à inflação e à queda de popularidade do governo. Embora o programa ofereça vantagens imediatas, como acesso facilitado ao crédito, ele também levanta questões sobre a sustentabilidade econômica e os possíveis impactos no futuro financeiro dos trabalhadores e na economia brasileira como um todo.

A iniciativa reflete os desafios enfrentados pelo governo em equilibrar medidas de curto prazo com a necessidade de preservar a segurança financeira dos cidadãos. O debate sobre o "Crédito do Trabalhador" continua, com opiniões divididas entre os que veem a medida como uma solução inovadora e os que a consideram um risco para o futuro econômico do país.