Fux afirma que Mensalão representou verdadeira abolição do Estado democrático de Direito
- Luana Valente

- 11 de set.
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Durante sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julga os réus da chamada “trama golpista” de 2022, o ministro Luiz Fux causou repercussão ao afirmar que o escândalo do Mensalão — julgado entre 2012 e 2014 — representou, em sua visão, uma verdadeira abolição do Estado democrático de Direito. A declaração foi feita em meio ao voto do magistrado, que divergiu do relator Alexandre de Moraes em pontos centrais do julgamento atual.
“Buscavam, por meios escusos e ilícitos, mediante condutas criminosamente articuladas, corromper o exercício do poder, ultrajar a dignidade das instituições republicanas, apropriar-se da coisa pública, dominar o Parlamento e controlar a qualquer custo o exercício do poder estatal. Isso sim, é abolição do Estado democrático”, afirmou Fux, referindo-se à Ação Penal 470, que ficou conhecida como Mensalão.
O ministro não citou nomes diretamente, mas fez referência à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) na época, que descrevia o esquema como uma tentativa de compra sistemática de apoio parlamentar por meio de recursos públicos, com o objetivo de garantir sustentação política ao governo federal.
A fala de Fux gerou incômodo entre parlamentares petistas presentes à sessão. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) foi flagrada questionando o colega Rogério Correia (PT-MG): “Isso sim, isso aqui não?”, em referência à atual acusação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado.
O contraste entre os dois casos — o Mensalão e a trama golpista — foi explorado por Fux para justificar sua posição garantista no julgamento atual. O ministro defendeu que os crimes de golpe de Estado e abolição do Estado de Direito deveriam ser tratados como uma única conduta, evitando dupla punição. Ele também rejeitou a caracterização de organização criminosa, alegando ausência de estrutura hierárquica e permanência entre os envolvidos.
A declaração impulsiona debates sobre a gravidade dos escândalos políticos recentes e o papel do STF na preservação das instituições democráticas. Fux, que participou do julgamento do Mensalão como ministro do STF, já havia criticado anteriormente as penas aplicadas naquele caso, classificando-as como “irrisórias” frente à magnitude do atentado à democracia.






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