Governo amplia cargos comissionados e INSS lidera número de funções de confiança
- Luana Valente

- 16 de nov.
- 2 min de leitura
Consolidando um aumento de 57% em relação a 2019, o INSS, alvo de investigação por meio da CPMI, é o órgão com maior número de funcionários em funções de confiança.

O governo federal atingiu em 2025 a marca de 50.124 cargos comissionados, consolidando um aumento expressivo em relação aos 31.805 registrados em 2019. O crescimento foi contínuo ao longo dos últimos anos: durante a gestão de Jair Bolsonaro, o total chegou a 46.259 em 2022. Já no início do governo Lula, com a criação de novos ministérios, o número avançou para 47.726 em 2023 e, finalmente, ultrapassou a barreira dos 50 mil neste ano.
Além da expansão quantitativa, os gastos com cargos comissionados também dispararam. Em 2019, o governo desembolsou R$ 564 milhões para remunerar esses postos. Em 2024, o valor chegou a R$ 1,6 bilhão, representando um aumento de 181%. Até outubro de 2025, já haviam sido gastos R$ 1,5 bilhão, reforçando o peso dessas funções na máquina pública.
Entre os órgãos federais, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ocupa a primeira posição, com cerca de 3,9 mil cargos comissionados. O número supera o registrado em ministérios estratégicos como a Fazenda, que possui 2,6 mil, e em autarquias como o IBGE. Esse protagonismo do INSS ganha relevância diante das investigações conduzidas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instalada para apurar irregularidades na gestão do órgão.
Os cargos comissionados são de livre nomeação e exoneração, sem necessidade de concurso público. Historicamente, são utilizados como instrumentos de influência política e administrativa, funcionando como moeda de troca para acomodar aliados em áreas estratégicas. Especialistas alertam que o aumento expressivo pode comprometer a eficiência e a transparência da gestão pública. Por outro lado, defensores da prática argumentam que tais funções são necessárias para garantir flexibilidade na condução de políticas e na ocupação de postos estratégicos.
O crescimento para 50 mil cargos comissionados marca um novo patamar na estrutura administrativa federal. O fato de o INSS liderar esse ranking justamente em meio a uma investigação parlamentar adiciona tensão ao debate sobre a legitimidade e o uso político dessas funções. O tema promete seguir como pauta central nas discussões sobre governança e accountability no setor público brasileiro.






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