Lula decide nomear Guilherme Boulos ministro e provoca divisão interna no PT
- Luana Valente

- 24 de set.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comunicou a aliados que pretende nomear o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, substituindo Márcio Macêdo (PT). A decisão, que deve ser oficializada após o retorno de Lula de sua viagem aos Estados Unidos, marca a 13ª mudança no primeiro escalão desde o início do atual mandato e já provoca reações divergentes dentro do Partido dos Trabalhadores.
A nomeação de Boulos, figura central da esquerda brasileira e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), é vista como uma tentativa estratégica de Lula para fortalecer sua base progressista em meio ao distanciamento de partidos do Centrão, como PP e União Brasil. O presidente aposta na capacidade de mobilização de Boulos, especialmente entre os jovens e movimentos sociais, setores que têm se mostrado cruciais nas manifestações recentes contra pautas conservadoras no Congresso.
No entanto, a escolha não foi recebida com unanimidade dentro do PT. Márcio Macêdo, atual titular da pasta e aliado histórico de Lula, deve deixar o cargo para se dedicar à candidatura a deputado federal por Sergipe em 2026. A substituição gerou desconforto entre lideranças petistas, que temem perder espaço político para o PSOL e questionam o impacto da nomeação sobre a identidade do governo. Há também preocupações sobre o perfil combativo de Boulos, considerado “radical” por setores mais moderados da legenda.
Fontes do Palácio do Planalto indicam que Lula já havia sondado Boulos no início do ano, impondo como condição a permanência no cargo até o fim do mandato, o que impediria o deputado de disputar as eleições de 2026. Boulos teria aceitado, abrindo mão de uma possível reeleição à Câmara ou candidatura ao Senado.
A Secretaria-Geral da Presidência é responsável pela interlocução com movimentos sociais e tem papel estratégico na articulação política do governo. A troca no comando da pasta ocorre em um momento de reorganização da esquerda e de preparação para o cenário eleitoral do próximo ano. A expectativa é que Boulos traga maior combatividade às ações do governo, especialmente nas redes sociais, onde o bolsonarismo mantém forte presença.
Apesar das tensões internas, aliados de Lula defendem que a nomeação de Boulos pode representar um novo fôlego para o governo, ampliando o diálogo com setores historicamente alinhados ao PT, mas que vinham demonstrando distanciamento nos últimos meses.






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