Lula pressiona Senado e sabatina de Jorge Messias é adiada
- Luana Valente

- 3 de dez.
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Impasse entre Planalto e Congresso expõe tensão institucional e abre espaço para disputa política em torno da indicação ao Supremo Tribunal Federal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu adiar a sabatina de Jorge Messias, advogado-geral da União e indicado para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi tomada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), após o Palácio do Planalto não enviar a mensagem formal necessária para dar início ao processo de tramitação da indicação.
O adiamento, inicialmente marcado para 10 de dezembro, foi interpretado como resultado direto da pressão exercida pelo governo. Lula teria sinalizado que, caso o Senado insistisse em manter o calendário sem cumprir os ritos burocráticos, poderia recorrer ao próprio STF para garantir a análise da indicação. A ameaça expôs a tensão entre os Poderes e reforçou o peso político da escolha de Messias, figura próxima ao presidente e com trajetória consolidada na advocacia pública.
Em entrevista, Lula afirmou não compreender a polêmica criada em torno da indicação e destacou que Messias reúne “qualificação e trajetória compatíveis” com a vaga na Corte. O presidente também criticou o que chamou de “transformação de um ato administrativo em problema político”, defendendo que o Senado não deveria criar obstáculos para a tramitação.
Alcolumbre, por sua vez, classificou como “grave e sem precedentes” a demora do Planalto em enviar a mensagem oficial ao Legislativo. Segundo ele, sem esse documento, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) não poderia dar andamento ao processo, o que justificou a suspensão do calendário previamente estabelecido.
O episódio revela mais do que um simples atraso burocrático: trata-se de uma disputa de poder entre Executivo e Legislativo. Lula busca garantir a nomeação de um aliado estratégico para o STF, enquanto o Senado tenta reafirmar sua autonomia no processo de sabatina e votação. O adiamento, portanto, não apenas posterga a decisão sobre Messias, mas também amplia a incerteza política em torno da composição da Corte.
A expectativa agora é que o Planalto envie a mensagem formal nos próximos dias, permitindo que a CCJ retome o cronograma. Até lá, o impasse segue como mais um capítulo da relação marcada por atritos entre Lula e o Senado, em um momento em que o presidente tenta consolidar sua influência sobre o Judiciário.






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