Ministros do STF e o Projeto de Anistia: Reflexões sobre Constitucionalidade e Jurisprudência
- Luana Valente
- 14 de abr.
- 2 min de leitura

O projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 tem gerado intensos debates no cenário político e jurídico brasileiro. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) têm apontado sua inconstitucionalidade, fundamentando-se nos artigos 43 e 44 do artigo 5º da Constituição Federal. Esses dispositivos estabelecem que crimes como tortura, terrorismo, tráfico de drogas e crimes hediondos são inafiançáveis e insuscetíveis de anistia. Além disso, ações de grupos armados contra o Estado são consideradas inafiançáveis e imprescritíveis.
Os questionamentos se intensificam ao considerar que muitos dos manifestantes não estavam armados. Mas qual tipo de armar se referiram? Um exemplo emblemático é o caso de Débora Rodrigues dos Santos, que utilizou um batom para escrever na Estátua da Justiça a frase “perdeu, mané”, uma referência à fala do ministro Luís Roberto Barroso sobre a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Esse contraste entre atos simbólicos e a gravidade atribuída aos crimes levanta questões sobre proporcionalidade e interpretação jurídica.
Um batom e uma escrita na estátua da Justiça referente a uma frase pronunciada por um ministro do STF é equiparado a crimes hediondos, tortura, terrorismo e tráfico de drogas. Essa disparidade evidencia uma possível inversão de valores na jurisprudência brasileira.
O contesto é instigante à promoção de uma reflexão quanto ao papel dos ministros do STF em manifestações políticas: a Constituição Federal exige imparcialidade dos magistrados, mas declarações públicas com teor político podem ser vistas como incompatíveis com essa premissa.
A análise do projeto de anistia e suas implicações jurídicas revela tensões entre os princípios constitucionais e a prática política. A reflexão sobre esses aspectos é essencial para compreender os desafios da democracia e da justiça no Brasil. Afinal, como equilibrar a aplicação rigorosa da lei com a necessidade de interpretar os contextos sociais e políticos de maneira justa e proporcional?
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