PF investiga desvio milionário no sindicato ligado a irmão de Lula
- Luana Valente

- 15 de out.
- 2 min de leitura
Dinheiro de aposentados teria ido para empresas de fachada e familiares de diretores.

Em nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada em outubro, a Polícia Federal (PF) apura um esquema de fraudes envolvendo o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), entidade que tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a PF, o Sindnapi está entre as entidades que mais desviaram recursos de benefícios previdenciários do INSS. O esquema operava por meio de acordos de cooperação técnica (ACTs) entre o INSS e associações, que permitiam o desconto de mensalidades diretamente dos benefícios dos aposentados. A investigação aponta que assinaturas falsas eram usadas para cadastrar beneficiários sem autorização.
Durante as buscas realizadas na sede do sindicato, localizada no centro de São Paulo, agentes federais apreenderam dinheiro vivo guardado em um cofre, além de computadores e celulares. Os mandados de busca e apreensão foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, que também determinou o bloqueio de R$ 389 milhões em bens e valores da entidade.
A operação revelou que parte dos recursos desviados foi direcionada a empresas de fachada e familiares de dirigentes do sindicato. Um dos alvos é a empresa Esférica Assessoria e Sistemas de Informática, registrada em nome da filha de um ex-presidente do Sindnapi. A empresa funcionava no mesmo prédio da sede sindical, o que reforça as suspeitas de ligação direta com o esquema.
O atual presidente do sindicato, Milton Baptista de Souza, conhecido como Milton Cavalo, também é investigado. A PF acredita que ele teve papel central na articulação dos desvios e na manutenção das estruturas que permitiam o repasse indevido de recursos.
A investigação faz parte de um inquérito mais amplo que apura fraudes no INSS estimadas em R$ 6 bilhões, envolvendo diversas entidades e sindicatos em todo o país. O Sindnapi, segundo os investigadores, teria sido um dos principais beneficiários do esquema.
A operação segue em andamento, e os investigadores continuam analisando os materiais apreendidos para identificar todos os envolvidos e o destino dos recursos desviados. O caso levanta preocupações sobre a vulnerabilidade dos sistemas de cooperação entre o INSS e entidades representativas, além de colocar em xeque a gestão de recursos destinados a aposentados e pensionistas.






Comentários